ONG´s argentinas acusam governo de financiar "hooligans"

"Suspeitamos [que os “hooligans”] beneficiam da conivência, da cumplicidade e do financiamento de membros do poder", afirmou o antigo juiz Mariano Bergès, fundador da ONG "Salvemos o foot" (SAF), segundo um artigo do jornalista Daniel Merolla, da agência AFP.

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"Suspeitamos [que os “hooligans”] beneficiam da conivência, da cumplicidade e do financiamento de membros do poder", afirmou o antigo juiz Mariano Bergès, fundador da ONG "Salvemos o foot" (SAF), segundo um artigo do jornalista Daniel Merolla, da agência AFP.

Três centenas de “hooligans” de grupos violentos, denominados "barras bravas", preparam-se para viajar para a África do Sul e assistir ao Mundial de futebol, a um custo de sete mil dólares.

Juan Manuel Lugones, advogado da ONG "Famílias de vítimas da violência no futebol argentino" (FAVIFA), afirma que "há muito tempo que denunciam a cumplicidade do governo com as claques do futebol" e "que agora lhes abriram as portas do Mundial”.

Lugones pediu à justiça para averiguar se fundos destinados à ajuda social estariam a ser utilizados para financiar as viagens de “hooligans”.

As suspeitas aumentaram depois de Marcelo Mallo, considerado próximo do partido do poder, ter criado nos arredores da capital argentina uma organização chamada "Adeptos da Argentina unidos", que começou a colar cartazes nos estádios, mas que cessou a actividade depois da apresentação de queixas.

O subsecretário da segurança no futebol, Pablo Paladino, negou essa possibilidade e assegurou: "Querer transformar esses adeptos em trabalhadores sociais é uma loucura".

O governo não financiará os “hooligans”, garantiu aquele membro do executivo argentino.

Esta polémica surge depois da controversa decisão da Presidente Kirchner de garantir a gratuitidade das transmissões televisivas dos jogos de futebol, até aqui reservados aos assinantes de canais pagos, com grandes prejuízos para os canais que comercializam os direitos do campeonato.

Os "barras bravas" argentinos deslocaram-se a todos os campeonatos mundiais de futebol desde a edição de 1986 no México, mas só se verificaram incidentes isolados durante esses campeonatos.

Um “hooligan” de uma equipa da terceira divisão argentina, que pediu o anonimato, disse à AFP que "não lhes interessa saber quem oferece esse dinheiro" e recordou que o grupo "acompanha a selecção argentina desde o Mundial do México e vai estar também na África do Sul".

Segundo as contas da ONG SAF, nos últimos 85 anos, desde 1924, morreram na Argentina 237 pessoas em actos de violência ligados ao futebol, a maior parte provocadas por adeptos violentos.