Dançar como heróis
Março de 2008 não foi assim há tanto tempo, por mais que a voragem pop nos queira convencer do contrário. Nesse mês, "Blind", "single" dos Hercules and Love Affair com Antony Hegarty, conheceu a luz do dia. O "New Musical Express" não teve pruridos em chamar-lhe um "clássico" dono das características da melhor música de dança: "física e emocional, euforicamente alegre e profunda e irremediavelmente triste".
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Março de 2008 não foi assim há tanto tempo, por mais que a voragem pop nos queira convencer do contrário. Nesse mês, "Blind", "single" dos Hercules and Love Affair com Antony Hegarty, conheceu a luz do dia. O "New Musical Express" não teve pruridos em chamar-lhe um "clássico" dono das características da melhor música de dança: "física e emocional, euforicamente alegre e profunda e irremediavelmente triste".
"Blind", considerada por muitos uma das melhores canções de 2008, é o momento mais célebre de "Hercules and Love Affair", álbum que recuperou a estética disco que abalou Nova Iorque nos anos 1970, cruzando-a com o house de Chicago e o tecno de Detroit, segundo uma perspectiva actualizada e em canções que também vivem fora da pista. E com uma identidade própria, que os convidados, definidos por Andy Butler, o mentor do projecto, ajudaram a firmar.
"Blind", canção entre a força e a fragilidade, sintetiza o espírito dos Hercules and Love Affair, de regresso a Portugal. Butler, apaixonado desde tenra idade pela mitologia grega, ficou encantado por lendas que revelavam a vulnerabilidade do herói Hércules. "Foi na mesma altura em que descobri os clubes nocturnos e comecei a namorar com DJ. Vivia num corpo grande, masculino, jogava futebol americano e outros desportos e, ao mesmo tempo, era extremamente sensível e vulnerável do ponto de vista emocional. Atraía-me a história de Hércules porque falava da ligação do feminino ao hiper-masculino", explicou à "webzine" Pitchfork, em Junho de 2008.
Nos concertos da Casa da Música, sexta (a noite Clubbing conta também com Kap Bambino e outros artistas), e do Lux, hoje, Butler traz uma nova formação, que inclui, entre outros, Kim Ann, uma das vozes do disco de estreia, e promete antecipar material de um próximo álbum, ainda sem data de lançamento.
O músico e DJ antecipou ao "Village Voice", em Junho, alguns dados do que aí vem: "Há algumas peças de música que vão estar no meu próximo disco que não são música de dança" (no primeiro também assim acontecia). "São canções, sabes?", prosseguia. "Estou mais interessado em escrever canções".