Coco Chanel e Igor Stravinsky

Ainda há seis meses vimos Audrey Tautou a ser Chanel quando ainda começava a ser Coco em "Coco Avant Chanel", agora Anna Mouglalis "pega no testemunho" e interpreta-a quando, alguns anos mais tarde e já Chanel, enceta um romance fugaz mas tórrido com o compositor russo Igor Stravinsky.

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Ainda há seis meses vimos Audrey Tautou a ser Chanel quando ainda começava a ser Coco em "Coco Avant Chanel", agora Anna Mouglalis "pega no testemunho" e interpreta-a quando, alguns anos mais tarde e já Chanel, enceta um romance fugaz mas tórrido com o compositor russo Igor Stravinsky.


Mas não há nada em comum entre os filmes de Anne Fontaine e Jan Kounen, que foram desenvolvidos e rodados separadamente, e a estilização sumptuosa mas vazia de "Coco Chanel & Igor Stravinsky" nada tem a ver com a elegância classicista do seu predecessor. O filme de Kounen resume o romance a uma questão de desejo carnal e quase animal entre duas personalidades fortes e emocionalmente resguardadas, mas apesar do luxo e do cuidado com que tudo é encenado nunca consegue tornar convincente o "affaire". O que é tanto mais frustrante quanto a primeira meia hora - que reconstitui quase em tempo real a infame estreia parisiense da "Sagração da Primavera" - é um extraordinário momento de cinema que consegue criar no espectador a sensação de vertigem, de corte radical com o passado, de mundo novo que se abre à nossa frente, e que só por si justifica a visão do filme. O que vem a seguir, infelizmente, apesar de bem acabado e apresentado, é outra coisa, bem menos interessante...