Vieira da Silva vai ao Parlamento explicar afirmações sobre “espionagem política”

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As declarações do socialista provocaram polémica em vários sectores Daniel Rocha

Numa entrevista à rádio Antena 1 a 13 de Novembro, o ministro da Economia e membro do Secretariado Nacional do PS questionou a legalidade das alegadas escutas de conversas de José Sócrates com o socialista Armando Vara, no âmbito do processo Face Oculta, no qual este é arguido, afirmando que as investigações se baseiam em “pura espionagem política”.

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Numa entrevista à rádio Antena 1 a 13 de Novembro, o ministro da Economia e membro do Secretariado Nacional do PS questionou a legalidade das alegadas escutas de conversas de José Sócrates com o socialista Armando Vara, no âmbito do processo Face Oculta, no qual este é arguido, afirmando que as investigações se baseiam em “pura espionagem política”.

As declarações do socialista, que provocaram polémica em vários sectores, motivaram o PSD a apresentar um requerimento para ouvir o governante no Parlamento, iniciativa que foi aprovada com os votos favoráveis dos partidos da oposição e a abstenção do PS.

Para os sociais-democratas, as palavras de Vieira da Silva “condicionam o trabalho da Polícia Judiciária, do Ministério Público e atentam contra a separação de poderes no Estado de Direito”. “Não procurei atingir ninguém, a não ser aqueles que não conheço quem são, mas que procuraram a situação”, referiu por seu lado o responsável pela pasta da Economia, no último sábado. “Senti-me no direito de fazer as afirmações que fiz. Reafirmo o que disse, pois não deixarei de dizer o que penso”, destacou.

Segundo o Procurador-geral da República, o primeiro-ministro, José Sócrates, apareceu em 11 escutas a Armando Vara no âmbito do processo Face Oculta, que investiga alegados casos de corrupção e outros crimes económicos relacionados com empresas do sector empresarial do Estado e empresas privadas.

O PGR considerou que em seis dessas escutas “não existiam indícios probatórios que levassem à instauração de procedimento criminal”, tendo também o Supremo Tribunal de Justiça decretado a sua nulidade e ordenado a sua destruição.

Nas restantes cinco, o PGR disse que também “não existem elementos probatórios que justifiquem a instauração de procedimento criminal” contra José Sócrates, pelo que ordenou o arquivamento dos documentos.

O processo Face Oculta conta com pelo menos 18 arguidos, incluindo o presidente da REN-Redes Eléctricas Nacionais, José Penedos, suspenso de funções pelo tribunal de instrução, e Armando Vara, que suspendeu as suas funções de vice-presidente do Millenium/BCP.