Três ex-presidentes juntam-se para homenagear Melo Antunes

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Passam dez anos sobre a morte de Melo Antunes Nuno Ferreira dos Santos

Quando se fala no coronel Ernesto Melo Antunes (1933-1999) há uma frase que é sempre repetida: “É um dos pais da nossa democracia.” Quase nada tão grandioso se pode dizer de um homem, mas poucos (se é que os há) duvidam da veracidade da frase. É desta personalidade sem dúvida central na história recente de Portugal que se vai falar amanhã e amanhã na Fundação Calouste Gulbenkian. E entre os oradores vão estar três presidentes da República: Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio.

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Quando se fala no coronel Ernesto Melo Antunes (1933-1999) há uma frase que é sempre repetida: “É um dos pais da nossa democracia.” Quase nada tão grandioso se pode dizer de um homem, mas poucos (se é que os há) duvidam da veracidade da frase. É desta personalidade sem dúvida central na história recente de Portugal que se vai falar amanhã e amanhã na Fundação Calouste Gulbenkian. E entre os oradores vão estar três presidentes da República: Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio.

Liberdade e Coerência Cívica - O exemplo de Ernesto Melo Antunes na História Contemporânea Portuguesa é o tema do colóquio. E ao longo dos dois dias vai ser debatida a dimensão pública e a participação cívica Melo Antunes tendo por base diferentes momentos do Século XX português em que este interveio de forma activa: a ditadura e a actividade oposicionista, a descolonização, o processo revolucionário, a consolidação democrática e a política internacional.

“Foi um homem essencial e determinante na acção do MFA. O que entre nós tinha mais definida a concepção estratégica para o país”, disse ao PÚBLICO o coronel Vasco Lourenço, um dos capitães de Abril e um dos participantes no colóquio da Gulbenkian.

“É um dos pais da Democracia”, acrescenta Vasco Lourenço. A tal frase chave quando se fala do homem que começou a acção política ainda na ditadura, quanto tentou apresentar-se como candidato oposicionista (na lista da CDE) às eleições legislativas de 1969.

Vasco Lourenço é dos que acha que Melo Antunes é, porém, uma figura pouco conhecida dos portugueses. É também para combater esse desconhecimento do homem, da sua acção e do legado determinante no processo democrático que mais esta homenagem tem lugar. E para isso, vão falar na Gulbenkian, além dos três ex-presidentes e do presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, mais de três dezenas de académicos e outras personalidades que conheceram e acompanharam o percurso de Ernesto Melo Antunes.

Serão dois dias para evocar e homenagear o homem que foi membro da Comissão Coordenadora do Programa do MFA, conselheiro de Estado (1974/75) e que teve responsabilidades governativas nos II, III, IV e VI Governos Provisórios. Foi ainda autor do Documento dos Nove (1975), um grupo de militares por ele liderado, que era considerado com a facção moderada do MFA e que defendia um projecto baseado numa democracia política, pluralista, nas liberdades, direitos e garantias fundamentais. O colóquio da Fundação Calouste Gulbenkian começa às 9 horas de amanhã e prolonga-se até às 13 horas de amanhã. A entrada é gratuita e o programa na íntegra pode ser consultado em ernestomeloantunes.com.pt. Também amanhã, é inaugurada na Gulbenkian a exposição Melo Antunes – Liberdade e Coerência Cívica. A mostra é, segundo revela a fundação, composta por quatro núcleos fundamentais: Ditadura, Descolonização, Democratização e Desenvolvimento. Cada um destes núcleos é organizado em torno de um documento redigido por Melo Antunes (Declaração de Ponta Delgada; O Movimento, as Forças Armadas e a Nação; Documento dos Nove e o Programa de Política Económico-Social).