Karadzic comparece em tribunal para dizer que precisa de mais tempo
O ex-líder dos sérvios na Bósnia tinha boicotado duas audiências anteriores e pediu mais dez meses antes do reinício do julgamento. Os juízes do TPI-J darão "a sua decisão por escrito o mais tardar esta semana", disse o juiz sul-coreano O-Gon Kwon, que presidiu à audiência de hoje.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O ex-líder dos sérvios na Bósnia tinha boicotado duas audiências anteriores e pediu mais dez meses antes do reinício do julgamento. Os juízes do TPI-J darão "a sua decisão por escrito o mais tardar esta semana", disse o juiz sul-coreano O-Gon Kwon, que presidiu à audiência de hoje.
“Eu seria um verdadeiro criminoso se aceitasse estar presente no meu julgamento sem estar preparado”, defendeu Karadzic, citado pela AFP.
Foi a primeira vez que o ex-líder sérvio compareceu desde a reabertura do processo no tribunal onde está a ser julgado por crimes cometidos durante a guerra na Bósnia, entre 1992 e 1995, que causou cerca de 100 mil mortos e 2,2 milhões de deslocados. Karadzic é também acusado pelo massacre de Srebrenica, em 1995, em que foram assassinados cerca de 8000 muçulmanos da Bósnia, e pelo cerco a Sarajevo, que causou 10 mil mortes.
“Isto não seria do interesse do tribunal nem das Nações Unidas, não terão interesse em não me proporcionar um julgamento correcto”, adiantou Karadzic, ao reiterar que precisa de mais tempo para preparar a defesa, que o próprio decidiu assumir depois de ter sido detido em Belgrado em Julho do ano passado. Era lá que vivia disfarçado com a identidade de Dragan Dabic, um médico especialista em medicinas alternativas.
A audiência centrou-se nas questões processuais e na possibilidade de o julgamento prosseguir mesmo sem a presença do acusado. “Não devemos permitir a Karadzic boicotar o processo com o pretexto de não assistir”, defendeu o procurador Hildegard Uertz-Retzlaff.
Os juízes alertaram o acusado para a possibilidade de o julgamento continuar e de ser nomeado um advogado oficioso para o defender, o que também atrasará o processo pois este precisará de tempo para se preparar. Em Setembro Karadzic tinha pedido mais dez meses.