Calçado: Investvar tenta negociar dívida de 500 mil euros a grupo italiano
O presidente da Investvar, Pedro Ribeiro da Cunha, escusou-se a falar à Lusa sobre o julgamento, mas fonte do grupo de calçado admitiu “a possibilidade de haver novidades até ao final do dia [de hoje]”, referindo a existência de conversações entre as duas partes.
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O presidente da Investvar, Pedro Ribeiro da Cunha, escusou-se a falar à Lusa sobre o julgamento, mas fonte do grupo de calçado admitiu “a possibilidade de haver novidades até ao final do dia [de hoje]”, referindo a existência de conversações entre as duas partes.
Desde que o pedido de insolvência deu entrada, a 18 de Setembro, no Juízo de Comércio da Comarca do Baixo Vouga, Ribeiro da Cunha desvalorizou o processo, mostrando-se confiante num acordo com o credor italiano, a empresa de serviços de design Ka&Ka, que não se chegou a concretizar.
Em declarações à Lusa, Ribeiro da Cunha referia “as boas relações de longa data” com os italianos como favorável ao entendimento em relação ao pagamento do montante em dívida e levar os credores a retirar o pedido de insolvência.
O pedido de insolvência surge num momento particularmente difícil para o grupo português de calçado, que tem uma dívida superior a 40 milhões de euros aos principais bancos nacionais e ao Estado, que injectou capital na empresa de Esmoriz com vista à sua reestruturação e futura viabilização, poupando-se centenas de postos de trabalho.
Nas últimas semanas, a crise da Investvar agudizou-se com a suspensão da produção na Glovar, uma das três unidades de produção em Portugal, por falta de encomendas, e sexta-feira o grupo comunicou aos mais de 600 trabalhadores “não ter condições” para pagar os salários de Outubro.
O julgamento, que pode ter como desfecho a insolvência do maior grupo de calçado português, vem adiar a concretização do acordo de reestruturação da administração da Investvar com a banca e o Estado, através da capital de risco Inovcapital e da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).
O plano de viabilização, desenhado por Ribeiro da Cunha, escolhido pelo Estado para salvar a maior empresa de calçado nacional, prevê a conversão de 75 por cento da dívida em capital do grupo, que será dividida em duas empresas autónomas, uma com vocação industrial e outra mais comercial.
Em Fevereiro de 2010, chega também ao fim uma relação de mais de 22 anos com os norte-americanos da Aerogroup, grupo detentor da marca Aerosoles, que a Investvar produzia e comercializava na Europa, Médio Oriente e África e que vai substituir pela recém apresentada MoveOn.