Um novo começo
Os ideais originais estão vivos - qualidade e rigor, distanciamento, independência e integridade. Olhamos para o jornalismo como parte nuclear da democracia e da liberdade e vamos exercê-las informando, questionando e investigando. Podemos escolher as palavras justas em nome da convicção com que as sustentamos - convicção num jornalismo forte, profundo e livre. Isso é fácil. A confiança no jornalismo, no entanto, já viveu melhores dias.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Os ideais originais estão vivos - qualidade e rigor, distanciamento, independência e integridade. Olhamos para o jornalismo como parte nuclear da democracia e da liberdade e vamos exercê-las informando, questionando e investigando. Podemos escolher as palavras justas em nome da convicção com que as sustentamos - convicção num jornalismo forte, profundo e livre. Isso é fácil. A confiança no jornalismo, no entanto, já viveu melhores dias.
O fundador deste jornal, Vicente Jorge Silva, disse num texto recente que a credibilidade da imprensa de referência ficou seriamente afectada pelos incidentes que rodearam a última campanha para as legislativas. Um balanço duro, mas uma conclusão lúcida.
Não temos nada a acrescentar a uma polémica sobre a qual tudo está dito e da qual não ficaremos reféns. A razão de estarmos aqui hoje é anterior a tudo isso. Mas não escamoteamos o facto de ser nossa primeira obrigação repor essa credibilidade ameaçada, conscientes que estamos da percepção pública de um excesso de peso ideológico no jornal. Acreditamos num jornalismo culto e responsável, que desafia o sensacionalismo e as agendas informativas cada vez mais estreitas.
O leitor encontrará a partir de hoje pequenas diferenças através das quais queremos exprimir este novo começo. Não mudaremos a linha gráfica apenas para dizer que chegámos e somos diferentes - acreditamos mais na substância das coisas do que na forma; é pela substância que queremos afirmar-nos.
Os editoriais, a partir de hoje, deixarão de ser assinados. Os editoriais expressarão o pensamento desta direcção e deste jornal sobre o mundo que procuramos descrever, compreender e analisar página a página. Não queremos doutrinar nem vender receitas. Queremos interrogar o mundo. Daremos expressão a todos os pontos de vista, mas afirmaremos os nossos. Os editoriais serão escritos pelo novo Gabinete Editorial, composto pela direcção e mais cinco jornalistas do PÚBLICO - Teresa de Sousa, Jorge Almeida Fernandes, Margarida Santos Lopes, Ricardo Garcia e Vítor Costa. Há 20 anos, quando nascemos, foi decidido que os editoriais seriam assinados com base em duas ideias: seriam mais acutilantes e comprometeriam apenas o seu autor. Hoje sabemos que essa ideia original se tornou utópica e que um editorial compromete todo o jornal - é a cara do jornal - e não pode, por isso, ser veículo da opinião de uma só pessoa. Acreditamos, também, que é possível escrever editoriais incisivos, com pontos de vista corajosos e provocadores, que questionem e mobilizem a sociedade. Os novos editoriais do PÚBLICO, são, portanto, textos de opinião do jornal como instituição. A mesma filosofia será aplicada à secção Sobe e Desce.
Não serviremos governos, nem procuraremos certificados de bom comportamento. Prosseguiremos uma nova etapa do caminho, no respeito pelos valores que nos guiam desde o primeiro dia.
Queremos garantir a sustentabilidade do PÚBLICO como projecto de referência, desenvolver novas plataformas de intervenção editorial, trabalhar para elevar os padrões e sermos líderes no rigor, na reportagem, na análise, na crítica cultural e na opinião. Vamos estar obcecados com a isenção, a investigação, a profundidade e os temas de proximidade (e para isso vamos criar um caderno Cidades, que sairá aos domingos).
Não queremos inflacionar as expectativas, queremos corresponder aos leitores. Sabemos que o PÚBLICO é o jornal dos leitores exigentes, curiosos e atentos, das pessoas que pensam e que querem que o seu jornal seja um instrumento para pensar mais. Os nossos leitores - 250 mil por dia - são pessoas que sabem e que querem saber mais. São os melhores - e os mais severos - leitores.