Impressão digital pode ser de Leonardo da Vinci
É um pormenor tão invisível que poderia ter passado despercebido para sempre. Uma impressão digital no canto superior esquerdo do quadro Jovem em Perfil com Vestido Renascentista parece indicar que a obra, até aqui identificada como "Escola alemã, início do século XIX", pode ser de Leonardo da Vinci, revelou a publicação especializada britânica Antiques Trade Gazette.
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É um pormenor tão invisível que poderia ter passado despercebido para sempre. Uma impressão digital no canto superior esquerdo do quadro Jovem em Perfil com Vestido Renascentista parece indicar que a obra, até aqui identificada como "Escola alemã, início do século XIX", pode ser de Leonardo da Vinci, revelou a publicação especializada britânica Antiques Trade Gazette.
De repente, o quadro, que em 1998 foi levado a leilão pela Christie's em Nova Iorque, e vendido por 19 mil dólares (cerca de 13 mil euros), tornou-se o centro das atenções e os peritos admitem que o seu valor dispare para mais de cem milhões de euros se a recente atribuição for aceite pela comunidade e mercado da arte antiga.
A descoberta foi feita por Peter Paul Biro, especialista forense de arte baseado em Montreal, que observou imagens da pintura captadas por uma câmara multiespectral da empresa Lumière Technology. Este tipo de análise de enorme sofisticação, explica o Times Online, revela cada camada de cor e permite identificar as misturas de pigmentos de cada pixel sem ser preciso retirar amostras. A técnica, acrescenta o Guardian, capta frequências de luz às quais o olho humano não é sensível.
Foi assim que Biro deparou com a impressão digital, que corresponderá à ponta do dedo indicador ou do médio, e que é "altamente comparável" a outra encontrada no quadro de S. Jerónimo que se encontra no Vaticano. EsteS. Jerónimo é considerado um quadro do início da carreira de Leonardo, um período em que o pintor ainda não teria ajudantes, o que leva a crer que a impressão digital nele gravada seja do mestre. A confirmar-se a descoberta, este é, sublinha o Guardian, o primeiro grande trabalho de Leonardo a ser identificado nos últimos 100 anos. Carlo Pedretti, director da Fondazione Pedretti para o estudo de Leonardo, e considerado um profundo conhecedor da obra do pintor, admite que "esta pode ser a mais importante descoberta desde que no início do século XIX se estabeleceu A Dama com Arminho como um Leonardo genuíno".
Um dos defensores mais acérrimos da tese de que a obra é do grande mestre do Renascimento é Martin Kemp, especialista em história de arte da Universidade de Oxford, que acaba dedicar ao assunto um livro (ainda não publicado).
Ao princípio o próprio Kemp achou que a descoberta "era boa de mais para ser verdade". Mas depois "tudo começou a encaixar-se". Foi este especialista quem rebaptizou o retrato como La Bella Principessa, depois de a ter identificado "através de um processo de eliminação", explica o Times. A jovem de rosto seráfico e longa trança seria, de acordo com Kemp, Bianca Sforza, filha de Ludovico Sforza, duque de Milão (1452-1508), e da amante deste, Bernardina de Corradis.
No leilão de 1998 o quadro - que tem 33x23cm e é executado sobre pergaminho - foi comprado pela negociante de arte nova-iorquina Kate Ganz. Em Agosto de 2008, Ganz, que em Janeiro de 2007 voltara a vender a obra pelo mesmo preço que tinha dado por ela, dizia ao The New York Times não acreditar que se tratasse de um trabalho de Leonardo. O actual proprietário é Peter Silverman, canadiano a viver na Europa, especialista em arte.