Andando
É uma delicada e subtil história de família contada com uma naturalidade tanto mais desarmante quanto não escamoteia, de todo, o mal que as famílias fazem a si próprias, a crueldade que insistem em infligir àqueles que não têm culpa nenhuma a não ser não se conformarem à imagem que se quer ter deles. Um filme que usa de modo inteligentíssimo o peso dos rituais de família para revelar a extensão das correntes subterrâneas que dilaceram os Yokoyama, através de pormenores discretos, diálogos aparentemente casuais, olhares, ausências.
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É uma delicada e subtil história de família contada com uma naturalidade tanto mais desarmante quanto não escamoteia, de todo, o mal que as famílias fazem a si próprias, a crueldade que insistem em infligir àqueles que não têm culpa nenhuma a não ser não se conformarem à imagem que se quer ter deles. Um filme que usa de modo inteligentíssimo o peso dos rituais de família para revelar a extensão das correntes subterrâneas que dilaceram os Yokoyama, através de pormenores discretos, diálogos aparentemente casuais, olhares, ausências.
Hirokazu Kore-eda foi documentarista, tem um olhar atento e observacional sobre as pessoas, filma de modo naturalista, sabe como instigar e gerir uma dinâmica de família nos seus actores - já o tinha feito com "Ninguém Sabe", o seu outro único filme a ter exibição por cá, leva-o a um patamar novo e diferente com "Andando", pequena jóia de câmara que é, sem meias medidas, um dos mais belos filmes de 2009.