Os dois lados cometeram crimes de guerra em Gaza
A investigação, liderada pelo juiz sul-africano Richard Goldstone, encontrou provas que “indicam violações sérias de direitos humanos internacionais e da lei humanitária” por parte de Israel. Detalha sete incidentes em que soldados dispararam contra civis que tentavam fugir das suas casas agitando bandeiras brancas - e por vezes seguindo instruções israelitas -, reiterando as conclusões de um relatório da Human Rights Watch dedicado aos civis atingidos enquanto agitavam bandeiras brancas.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A investigação, liderada pelo juiz sul-africano Richard Goldstone, encontrou provas que “indicam violações sérias de direitos humanos internacionais e da lei humanitária” por parte de Israel. Detalha sete incidentes em que soldados dispararam contra civis que tentavam fugir das suas casas agitando bandeiras brancas - e por vezes seguindo instruções israelitas -, reiterando as conclusões de um relatório da Human Rights Watch dedicado aos civis atingidos enquanto agitavam bandeiras brancas.
Entre outros casos investigados que podem ser considerados crimes de guerra está o ataque contra uma casa onde os militares tinham forçado civis palestinianos a reunirem-se no bairro de Samouni, em Zeitum, no Sul da Faixa. Outro é o ataque contra uma mesquita durante as orações, no qual morreram 15 pessoas, ou ainda um “ataque directo e intencional” que teve como alvo o Hospital Al-Quds e o seu parque de estacionamento de ambulâncias, na Cidade de Gaza.
Vários palestinianos descreveram à missão da ONU terem sido usados como escudos humanos pelas forças israelitas: o relatório conta o caso de Majdi Abd Raboo, membro dos serviços secretos da Autoridade Palestiniana, obrigado a caminhar à frente das tropas enquanto estas realizavam buscas à sua casa e às casas vizinhas.
Quanto às acções dos grupos armados palestinianos, a ONU diz que há provas de que os lançamentos de rockets contra Israel são crimes de guerra e podem também ser considerados crimes contra a humanidade. “Quando não há um alvo militar pretendido e os rockets são lançados para áreas civis, constituem um ataque deliberado contra a população civil”, conclui-se. “Estas acções são crimes de guerra e podem equivaler a crimes contra a humanidade.”
Ainda sem reacções do lado palestiniano, Israel repetiu o que já dissera: “rejeita” as conclusões de uma missão com um “mandato claramente parcial” que “ignorou os milhares de ataques com rockets do Hamas contra as populações civis que tornaram necessária a operação contra Gaza”. Mas, ainda assim, o Governo “vai estudar este relatório com atenção, como faz com todos”.
A versão final do relatório - baseado em 188 entrevistas, mais de 10 mil páginas de documentos e 1200 fotografias - será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU no fim do mês.