Quercus: "É preciso saber quem e porquê autorizou" acesso à praia Maria Luísa
Em declarações à Lusa, o responsável da associação ambientalista, Francisco Ferreira, afirmou que noutros casos de risco, nomedamente na Nazaré e na Figueirinha (Arrábida), optou-se pela interdição, e neste segundo caso foi mesmo feita uma intervenção urgente de reforço com recurso a betão e vigas de metal.
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Em declarações à Lusa, o responsável da associação ambientalista, Francisco Ferreira, afirmou que noutros casos de risco, nomedamente na Nazaré e na Figueirinha (Arrábida), optou-se pela interdição, e neste segundo caso foi mesmo feita uma intervenção urgente de reforço com recurso a betão e vigas de metal.
A praia Maria Luísa "estava identificada [como zona de perigo], mas se calhar não se percebeu que o risco era tão elevado (...) fez-se apenas um aviso às pessoas que penetram na área (...) é preciso saber quem tomou essa decisão e porquê", adiantou Ferreira.
Acidente "previsívelO comandante Marques Pereira, da Autoridade Marítima, afirmou hoje que "era previsível" a queda da arriba e frisou que as pessoas devem salvaguardar-se de situações de risco, o que "infelizmente não foi o caso".
O comandante do Porto de Faro explicou que a questão deve ser colocada à Administração da Região Hidráulica do Algarve (ARH).
O Plano de Ordenamento da Orla Costeira de Burgau-Vilamoura, datado de 27 de Abril de 1999, era Elisa Ferreira ministra do Ambiente, identifica a falésia da praia Maria Luísa como zona de risco.
A decisão de interdição, segundo Francisco Ferreira, da Quercus, é "difícil", e compete especificamente à Administração da Região Hidrográfica do Algarve, apesar de ser o Instituto da Água (INAG) a gerir o domínio público marítimo.
Carlos Teixeira, vice-presidente da Liga de Protecção da Natureza, sublinha que as entidades responsáveis "muitas vezes têm problemas de recursos para assegurar o cumprimento" e a fiscalização destas zonas. "Confio nos nossos técnicos e cientistas responsáveis pela avaliação de risco. Temos óptimas pessoas a trabalhar. Não sei é se os institutos responsáveis integram esses estudos (...) Mas, se são tomadas decisões, tem de investir-se em segurança ", disse à Lusa. "O risco avaliado poderia não representar um perigo imediato de desabamento, mas apenas o desprendimento de pedras". adianta, sublinhando não conhecer o caso específico da praia Maria Luísa
Apesar de os planos de ordenamento serem desenvolvimentos no sentido positivo, o "risco só tem vindo a aumentar", nomeadamente devido à construção excessiva junto às zonas costeiras, levando a que "este tipo de acidentes aconteça com alguma regularidade". "Há decisões tomadas sobre projectos junto à costa que vão causar erosão a montante com mais intensidade", afirma.
Francisco Ferreira, da Quercus, sublinha que a observação da zona através da aplicação informática Google Earth permite verificar que existe construção e caminhos sobre a falésia, parte da qual hoje caiu.