Três associações ambientalistas pedem suspensão da fusão da Valorsul e Resioeste
Um dos argumentos de base para a fusão das duas entidades, processo que está em fase avançada, é o de reduzir o volume de lixo depositado no aterro da Resioste (no Cadaval), transferindo uma parte para a incineradora de resíduos da Valorsul (em Loures). Esta unidade terá uma “capacidade excedentária” e está sobredimensionada para os lixos dos cinco concelhos integrados no sistema, segundo a Valorsul.
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Um dos argumentos de base para a fusão das duas entidades, processo que está em fase avançada, é o de reduzir o volume de lixo depositado no aterro da Resioste (no Cadaval), transferindo uma parte para a incineradora de resíduos da Valorsul (em Loures). Esta unidade terá uma “capacidade excedentária” e está sobredimensionada para os lixos dos cinco concelhos integrados no sistema, segundo a Valorsul.
No entanto, as associações ambientalistas – Quercus, a Associação de Defesa do Ambiente e do Património de Loures e o Movimento Pró-Informação para a Cidadania e Ambiente –constataram que o incinerador da Valorsul “não tem capacidade para receber resíduos da Resioeste”, estimados em 80 mil toneladas por ano, segundo um comunicado enviado hoje. “Em 2005, 2006 e 2007, a Valorsul enviou para aterro grandes quantidades de resíduos passíveis de incineração [mais de 130 mil toneladas por ano] (...), o que não teria seguramente acontecido caso a unidade da Valorsul tivesse capacidade disponível”.
Face a estes dados, as três associações, reunidas na Plataforma Ambiental de oposição à Fusão Valorsul-Resioeste, pedem esclarecimentos ao ministério para o facto de “continuar a insistir na tese de que a incineradora da Valorsul tem capacidade para receber os resíduos da Resioeste”, segundo a carta enviada ontem à Secretaria de Estado do Ambiente e à qual o PÚBLICO teve acesso.
No início deste mês, a plataforma anunciou que vai queixar-se à Comissão Europeia contra a fusão porque, diz, pode comprometer as metas nacionais de reciclagem. Apenas 20 por cento dos lixos daquelas duas regiões estarão a ser reciclados em 2018, mas a União Europeia tem metas mais exigentes. A plataforma propõe que se dê prioridade ao tratamento mecânico e biológico, o que permite reciclar entre 60 e 80 por cento dos resíduos indiferenciados.
A proposta da fusão foi feita em 2007 pela Empresa-Geral de Fomento à Associação de Municípios do Oeste para que os municípios possam reduzir a despesa da deposição do lixo em aterro, apostando na incineração e produção de energia a partir dos resíduos. A fusão das duas entidades vai unir num único sistema o tratamento dos resíduos de 19 municípios. Actualmente, a Valorsul trata, por ano, cerca de 750 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos produzidas pelos municípios da Amadora, Lisboa, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira. A Resioeste, que tratou 198 mil toneladas de resíduos em 2008, é responsável pelos municípios de Alcobaça, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã, Nazaré, Óbidos, Peniche, Rio Maior, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras.