d3ö

Terem passado quatro anos desde o último EP dos d3ö permite-nos pôr as coisas em perspectiva.

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Terem passado quatro anos desde o último EP dos d3ö permite-nos pôr as coisas em perspectiva.

Não demora nada. Apenas os segundos que passam até ouvirmos a batida sincopada, os feedbacks feitos sirene-theremin e a voz prenha de ferocidade e insatisfação de "Junior Daddy", a primeira canção.

Logo aí, torna-se óbvio que, se os d3ö eram excitantes, não o eram por qualquer conjuntura de época. O que lhes víamos antes é o que lhes vemos agora. Mais: neste que é o seu primeiro longa duração, não há passos em falso, não há desvios questionáveis.

O blues como combustível inflamável: "Take this love". A psicose erguida a espaço catártico: o riff insistente de "Say you will" e o tom ameaçador de Toni Fortuna a dar-lhe toda a gravidade. Sexo e negro romantismo no lento crescendo de "Wanna hold you", dança de sedução disfarçada de provocação sem efeitos secundários.

"Exposed" é um mapa do universo dos d3ö. Tem sugestão de fantasmagorias blues, acessos de psicadelismo que nunca levitam - preferem agitar-nos -, rugosidades garageiras e uma "coolness" clássica sem pachorra ou temperamento para modernices. Rock''n''roll como matéria lúdica que nos acena ao longe, pedindo que nos juntemos à dança, que nos agarra pelos colarinhos se não nos aproximamos como é exigido. Não esbofeteia ninguém.

Carrega no pedal de fuzz e arranca em ritmo feroz, inflexível. Aproxima-se do microfone e liberta a voz com urgência irreprímivel - não é tanto o que diz, é como o diz. "Exposed" é um grande álbum. Já estamos em cima deles.