Associados tentam “salvar” projecto de Belgais
Em declarações ao PÚBLICO, a presidente da Associação de Belgais (AB) lamenta a falta de apoio do Governo ao projecto e considerou “uma infâmia” a decisão do tribunal de arrestar os bens. Neste momento, a grande preocupação da Joana Pires é “salvar” a escola do 1.º ciclo da Mata, em Castelo Branco, frequentada por 40 crianças.
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Em declarações ao PÚBLICO, a presidente da Associação de Belgais (AB) lamenta a falta de apoio do Governo ao projecto e considerou “uma infâmia” a decisão do tribunal de arrestar os bens. Neste momento, a grande preocupação da Joana Pires é “salvar” a escola do 1.º ciclo da Mata, em Castelo Branco, frequentada por 40 crianças.
“É uma infâmia o que fizeram, entraram pela escola dentro, levaram instrumentos [pianos, um frigorífico] e outros bens na presença das crianças”, disse, afirmando que perante um cenário destes “é muito difícil conseguir” levar o projecto por diante.
Os subsídios do Ministério da Educação, que eram a única fonte de financiamento do projecto, foram arrestados. Em causa está uma indemnização pedida por quatro ex-funcionários e que ronda os 78 mil euros.
Sem capacidade financeira para manter o projecto, Joana Pires pediu a intervenção da Câmara de Castelo Branco para uma garantia bancária que permitisse o levantamento do arresto, mas a autarquia respondeu com um não. Para a gestora do projecto, existiu “falta de vontade política”, o que não a demove.
Para a próxima quarta-feira está marcada uma reunião com os associados da AB, que vão definir uma estratégia na tentativa de salvar o projecto. “Vamos ver se conseguimos dar a volta à situação”, deseja, declarando que a luz ao fundo do túnel só surgirá se houver alguma entidade interessada neste projecto”, disse a filha da pianista Maria João Pires.
O PÚBLICO contactou hoje de manhã a Câmara de Castelo Branco, mas a secretária informou que o presidente não se encontrava nas instalações da autarquia.
A Escola da Mata é frequentada por 40 alunos (lotação máxima) dos quatro primeiros anos do ensino básico, com os quais são desenvolvidas actividades artísticas e culturais. O Ministério da Educação atribui anualmente 170 mil euros à Associação de Belgais para desenvolver o projecto escolar.
Quanto à decisão manifestada pela sua mãe de renunciar à cidadania portuguesa, tornando-se cidadã brasileira, Joana Pires declara que não sabe de nada, embora afirme que essa era uma intenção sua.
Nascida em Lisboa a 23 de Julho de 1944, Maria João Pires decidiu bater com a porta, três anos depois de ter abandonado o Projecto Educativo de Belgais, que desenvolveu no concelho de Castelo Branco. Actualmente está a viver no Brasil, em São Salvador, no Estado da Bahia, onde pediu autorização de residência.
Numa entrevista em 2004 à Antena 2 da RPD, Maria João Pires declarava-se decepcionada com o modo como as entidades governamentais a tratavam, queixando-se da sua “incompreensão” para com o projecto de ensino artístico de Belgais.
A única excepção parece ter sido Manuel Maria Carrilho, o ex-ministro da Cultura, que terá olhado para o projecto com algum empenho. O projecto foi, de resto, lançado durante o seu consulado.