Dez instituições hospitalares do país admitem que não controlam infecções
A informação consta do recém-divulgado relatório anual da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (2008), altura em que fez uma auditoria para avaliar o funcionamento destas comissões.
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A informação consta do recém-divulgado relatório anual da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (2008), altura em que fez uma auditoria para avaliar o funcionamento destas comissões.
A inspecção concluiu que 18 por cento das CCI, órgãos de assessoria técnica das administrações, não fazem vigilância epidemiológica de acordo com os padrões do Plano de Prevenção e Controlo de Infecção. Isto significa que ficam de fora 12 instituições públicas.
No sector privado, a situação é mais preocupante: 25 por cento das unidades não fazem auditorias periódicas para prevenir infecções.
“Situação não é óptima”Cristina Costa, da Divisão de Segurança do Doente da Direcção-Geral da Saúde, admite que a situação não é óptima, mas realça que tem melhorado muito nos últimos anos. Neste momento está a ser feito um levantamento nacional: “Temos 100 por cento de participação, o que significa que os hospitais estão muito alerta”.
Ontem, o Hospital Egas Moniz, em Lisboa, admitiu que foi detectada a bactéria “Clostridium difficile” — a mesma que infectou 31 pessoas desde o início do ano no Hospital de Faro — em três doentes internados.
O esclarecimento surgiu após uma notícia do “Correio da Manhã” que dava conta de um caso em que uma familiar de um doente se queixava de não ter sido avisada sobre um eventual contágio. A ministra da Saúde, Ana Jorge, alertou ontem para o reforço dos cuidados dos profissionais de saúde e da população de forma a conter a propagação da bactéria.
José Pinto relatou ao PÚBLICO um outro caso ocorrido em Janeiro no Hospital Pulido Valente, em Lisboa. O avô, de 89 anos, deu entrada na unidade uns dias depois do início do ano com febre alta. “Concluíram que tinha pneumonia e, ao fim de três ou quatro dias, começou com diarreia. Os médicos fizeram um teste que detectou uma bactéria”, conta.
Nessa altura, foi transferido para um quarto isolado e os familiares avisados dos perigos do contágio. “Quando íamos visitá-lo tínhamos que colocar luvas, uma bata e calçar uns protectores”. A diarreia durou um mês. “Deram-lhe vários tipos de antibióticos, a bactéria era muito resistente”.
Quando começava a melhorar, a família foi surpreendida pela alta médica. Ficou uma semana em casa. Regressou ao Pulido Valente, onde morreu uns dias depois. “A causa oficial foi a pneumonia, mas o problema foi que ele estava muito debilitado devido às doses elevadas de antibióticos”, acredita José Pinto.
Contactado pelo PÚBLICO, o Hospital Pulido Valente não respondeu até ao momento. O Ministério da Saúde apenas assegurou que neste momento não existe ali nenhum doente infectado com a “Clostridium difficile”.