BCE prepara aquela que pode ser a última descida de taxas de juro
Com a economia da Zona Euro a atravessar uma recessão profunda – a Comissão Europeia prevê uma contracção do PIB de quatro por cento em 2009 – a autoridade monetária deverá, de acordo com a generalidade dos analistas, voltar a baixar as taxas de juro, acentuando um movimento descendente que já se mantém desde o Verão de 2007. O BCE tem tentado, deste modo, estimular a actividade económica, tornando potencialmente mais barato o acesso ao crédito por parte das empresas e dos particulares, para que estes invistam e consumam mais.
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Com a economia da Zona Euro a atravessar uma recessão profunda – a Comissão Europeia prevê uma contracção do PIB de quatro por cento em 2009 – a autoridade monetária deverá, de acordo com a generalidade dos analistas, voltar a baixar as taxas de juro, acentuando um movimento descendente que já se mantém desde o Verão de 2007. O BCE tem tentado, deste modo, estimular a actividade económica, tornando potencialmente mais barato o acesso ao crédito por parte das empresas e dos particulares, para que estes invistam e consumam mais.
Até agora, todos os responsáveis do BCE, entre os quais se encontra também o governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, têm dado como provável a colocação das taxas a um por cento. As dúvidas e as discordâncias surgem a partir daqui.
Desde a última reunião do Conselho de Governadores, realizada há um mês, acentuaram-se os sinais de divergências no interior do banco, com dois principais protagonistas. De um lado, Axel Weber, o presidente do Bundesbank (o banco central alemão), disse claramente que não considerava aconselhável uma descida das taxas de juro para valores inferiores a um por cento. Do outro lado, Athanasios Orphanides, do banco central cipriota, defendeu a possibilidade de o BCE ter de ser mais agressivo em face da recessão profunda em que a economia se encontra.
E há ainda outra divergência, relacionada com as medidas de carácter quantitativo que o BCE pode ter de vir a tomar, já que o efeito de uma descida de taxas já começa a ser pequeno. Weber acha que o melhor é aumentar os prazos a que o BCE empresta dinheiro aos bancos comerciais, enquanto Orphanides (apoiado pelos representantes grego e austríaco) defende uma política semelhante à da Fed e do Banco de Inglaterra, que já estão a passar ao lado do canal bancário e a comprar obrigações directamente ao Estado e às empresas.
O mais provável, dizem os analistas, é que o poderoso Bundesbank leve a melhor nesta disputa, antecipando-se por isso que, a partir desta reunião, se venha a assistir uma suspensão das descidas de taxas e ao anúncio de alargamento de prazos nos empréstimos do BCE.