O Grande Prémio mais negro da história faz hoje 15 anos
A sua morte, transmitida em directo pelo mundo inteiro através da televisão, marcou uma geração e é um dos momentos mais imediatos para os adeptos do desporto motorizado. O brasileiro, que aos 34 anos já tinha três títulos mundiais e milhões de fãs, tornou-se um mito. Essa tarde de 1 de Maio definiu a época de 1994 da Fórmula 1: mais do que pelo primeiro dos sete títulos de Michael Schumacher, esse ano é recordado pelas duas mortes em Ímola, especialmente a de Senna.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A sua morte, transmitida em directo pelo mundo inteiro através da televisão, marcou uma geração e é um dos momentos mais imediatos para os adeptos do desporto motorizado. O brasileiro, que aos 34 anos já tinha três títulos mundiais e milhões de fãs, tornou-se um mito. Essa tarde de 1 de Maio definiu a época de 1994 da Fórmula 1: mais do que pelo primeiro dos sete títulos de Michael Schumacher, esse ano é recordado pelas duas mortes em Ímola, especialmente a de Senna.
Até esse fim-de-semana, não morria um piloto num Grande Prémio há 12 anos - Elio de Angelis perdeu a vida em 1986, mas durante a realização de testes. Mas esse não foi mesmo um fim-de-semana qualquer. "Aconteceu tudo nesse Grande Prémio", recordou ao PÚBLICO Pedro Lamy, um dos 25 pilotos que iniciaram a corrida. "O acidente do Rubens Barrichello na sexta-feira, a morte do Ratzenberger no sábado. Eu também tive um acidente já na corrida que podia ter sido mais grave. Depois, aconteceu o acidente do Ayrton Senna. Não dá para acreditar". Foi um Grande Prémio maldito.
O português, que considera Senna o melhor piloto de todos os tempos, recorda-se que o brasileiro ficou bastante abalado com os incidentes da qualificação. "Alguma coisa nele estava diferente". Barrichello, que ficou algum tempo inconsciente após o seu grande acidente, era compatriota e um protegido de Senna. E Ratzenberger, a primeira vítima mortal desde que o "Mágico" entrou na F1, em 1984, ao serviço da equipa Toleman, confrontava-o com a mortalidade do desporto que escolheu.
Dez anos, 162 Grandes Prémios, 41 vitórias, 80 pódios, 65 pole positions e 19 voltas mais rápidas depois, o monolugar de Senna ia a 310km/h quando, na sétima volta da prova, saiu da curva Tamburello em direcção ao muro. As causas do acidente nunca foram completamente determinadas e há duas teorias principais: uma atribui o despiste a uma falha mecânica (ruptura da coluna da direcção), outra advoga que o chassi tocou no chão, o que fez descontrolar o carro. Menos de 15 centésimos de segundo depois de o monolugar ter começado a derrapar, o brasileiro conseguiu reduzir a velocidade para os 220km/h, mas isso de nada lhe serviu. Com graves lesões cerebrais, foi declarado morto pouco depois de dar entrada no hospital Maggiore, em Bolonha.
"Aquela pista tinha zonas muito rápidas. Se algo acontecesse, batia-se muito depressa", considera Pedro Lamy. O Autódromo Enzo e Dino Ferrari, como se chama a pista que acolheu o GP de San Marino entre 1981 e 2006, foi mesmo o palco do GP mais negro de que há memória. Além do despiste de Barrichello e dos dois acidentes fatais, Lamy esteve envolvido em mais um violento choque com J.J. Lehto. A colisão lançou uma roda para as bancadas, que provocou ferimentos ligeiros em quatro pessoas. Perto do final, o Minardi de Michelle Alboreto perdeu uma roda nas boxes, o que resultou no ferimento de três mecânicos.
Os trágicos acontecimentos de há 15 anos marcaram uma viragem histórica na modalidade, pois obrigaram a alterar drasticamente as regras de segurança.