Ciber-ataques: comissária europeia pede mais empenho e coordenação entre Estados-membros

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"Até agora, os 27 Estados-membros têm sido relativamente negligentes (nas questões da ciber-segurança)", acusou a comissária David Clifford/PÚBLICO

A comissária frisou, num comunicado difundido hoje, a importância que as infra-estruturas de informação têm – basta pensar que essas redes são responsáveis pela distribuição de energia, de água, pelo controlo dos sistemas rodoviário e bancário... –, estando constantemente a ser alvo de problemas técnicos, brechas na segurança e ciber-ataques.

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A comissária frisou, num comunicado difundido hoje, a importância que as infra-estruturas de informação têm – basta pensar que essas redes são responsáveis pela distribuição de energia, de água, pelo controlo dos sistemas rodoviário e bancário... –, estando constantemente a ser alvo de problemas técnicos, brechas na segurança e ciber-ataques.

“A realidade dos ciber-ataques está hoje em dia longe de ser um jogo ou uma prova de inteligência ou de curiosidade. Os ciber-ataques tornaram-se numa ferramenta nas mãos do crime organizado, um meio para chantagear empresas e organizações, para se explorar a fraqueza das pessoas, mas também um instrumento de policiamento militar e um desafio global para a democracia e para a economia”, indicou a comissária num vídeo colocado hoje online na sua página, a poucas horas de uma conferência ministerial da UE sobre ciber-segurança, em Talin (Estónia).

“Uma interrupção nos serviços de Internet na Europa ou nos EUA com a duração de um mês significaria perdas económicas de pelo menos 150 mil milhões de euros”, acrescentou a comissária.

Hoje em dia a Europa está totalmente dependente do bom funcionamento das suas redes de comunicação. Com exemplos recentes de ciber-ataques às redes da Estónia, Lituânia e Geórgia, e com estudos que apontam para a possibilidade – na ordem dos 10-20 por cento – de as redes de informação europeias sofrerem um ataque de larga escala nos próximos dez anos, a protecção às redes de comunicação é considerada uma prioridade actual.

Os Estados-membros ainda não se conseguiram perceber até agora qual é a forma mais adequada de responder a um ciber-ataque de grandes proporções. “Até agora, os 27 Estados-membros têm sido relativamente negligentes. Apesar de a UE ter criado uma agência para a segurança informativa e das redes, chamada ENISA, este instrumento continua a ter um papel relativamente moderado, sendo apenas uma plataforma de troca de informações, não estando planeado que se venha a transformar, no curto prazo, o quartel-general europeu de defesa contra os ciber-ataques”, alertou a comissária.

Comissária reclama alto representante europeu para o sector

Na sua mensagem em vídeo, a comissária Reding pediu uma mudança de atitude a fim de que a Europa se proteja com uma estratégia de ciber-segurança mais forte e eficaz: “Acredito que a Europa tem de fazer mais pela segurança das suas redes de comunicação. A Europa precisa de um 'Mister Cyber Security' [Senhor da Ciber-Segurança], tal como temos um 'Mister Foreign Affairs' [Senhor dos Negócios Estrangeiros, alto representante da União Europeia para a Política Externa, Javier Solana], [precisamos de] um ‘czar’ da segurança com autoridade para agir imediatamente em caso de ciber-ataque, um ‘Ciber-Polícia’ no comando da coordenação das nossas forças e com planos tácticos desenvolvidos para que consigamos aumentar os nossos níveis de resistência. Vou continuar a lutar pela criação deste cargo o mais depressa possível”.

Os representantes dos Estados-membros, a Comissão Europeia e alguns peritos encontram-se hoje e amanhã em Talin para discutirem a estratégia recentemente proposta pela Comissão para a protecção europeia de ciber-ataques e brechas na segurança. Em Março passado, a Comissão pediu aos sectores públicos e privados que começassem a agir para melhorar os serviços de segurança e de resistência europeus em caso de um ataque de larga escala.