Quercus denuncia condições de exploração de saibro na Herdade da Comporta
A saibreira está a servir de depósito de entulhos e alcatrão que, segundo a Quercus, "ultrapassam muitos milhares de toneladas".
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A saibreira está a servir de depósito de entulhos e alcatrão que, segundo a Quercus, "ultrapassam muitos milhares de toneladas".
“Tem havido pessoas que vão lá depositar entulho, bocados de tijolos e até alcatrão, em quantidades muito grandes. Não se sabe há quanto tempo, nem há forma de calcular as quantidades, sendo que houve uma cobertura rápida com as areias”, informou Diogo Gomes, da Quercus do Litoral Alentejano. No entanto, com a água das chuvas arrastou a areia e “está tudo à vista”.
A Quercus acusa a Burgausado, que “deverá perder a concessão da saibreira no início de Maio por denúncia do respectivo contrato”, de “acentuar o ritmo de exploração, laborando mais de 17 horas por dia e colocando em perigo a segurança dos trabalhadores”.
“Sabendo-se que as escavações estarão abaixo dos níveis freáticos, o problema colocará em risco a saúde pública e terá impactes graves ao nível da conservação da natureza e do ambiente”, alertou Diogo Gomes.
Manuel Cachadinha, responsável da empresa a operar naquela propriedade do Grupo Espírito Santo, refutou as acusações como não sendo verdadeiras. “Os trabalhadores estão a fazer horas extra, que estamos a pagar de acordo com a legislação”, explicou.
“Às vezes colocamos lá [na saibreira] terras vegetais, tiradas do Carvalhal [Grândola] e que às vezes têm alguns resíduos de tijolo, porque eram terrenos que antigamente eram galinheiros. Não retiramos esses resíduos porque não dá para ter alguém a tirar pedrinha a pedrinha”, justificou.
A Quercus denunciou o “atentado” ao Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR, no dia 18 de Abril, e na segunda-feira contactou o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), tendo acompanhado “os vigilantes ao local, de forma a tomarem conta da ocorrência”.