Ex-refém das FARC lança "Memórias do Meu Cativeiro" em Portugal
A 23 Fevereiro de 2002, Clara Rojas, que era então directora da campanha presidencial de Ingrid Betancourt, foi raptada juntamente com a candidata durante uma visita ao interior da Colômbia.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A 23 Fevereiro de 2002, Clara Rojas, que era então directora da campanha presidencial de Ingrid Betancourt, foi raptada juntamente com a candidata durante uma visita ao interior da Colômbia.
Viria a ser libertada a 10 de Janeiro de 2008 numa operação que contou com a intervenção do presidente da Venezuela, Hugo Chavez.
Durante o cativeiro, Clara Rojas teve um filho, do qual foi separada quando a criança tinha oito meses e acabou por afastar-se de Ingrid Betancourt.
No livro, a autora nada revela sobre o pai de Emmanuel, mas conta as dificuldades por que passou durante a gravidez e a cesariana que foi obrigada a fazer no meio da selva sem condições.
Oito meses após o nascimento da criança, as FARC retiraram-lhe o filho e Clara Rojas viveu três anos sem saber dele, até que voltou a reencontrá-lo depois da libertação. A criança tem actualmente 5 anos e vive com a mãe na Colômbia.
Sobre o fim da amizade com Ingrid Betancourt, a autora refere que quando regressaram da sua segunda tentativa fracassada de fuga, souberam que o pai de Ingrid tinha morrido. "Lemos a notícia num jornal que os guerrilheiros nos emprestaram e sentimos uma profunda e inconsolável tristeza", escreveu.
Apesar disso, "os guerrilheiros não tiveram nenhuma comiseração e prenderam-nos", continuou a ex-refém, adiantando que estiveram vários dias acorrentadas e que fizeram uma greve de fome como protesto. "A duríssima experiência daquele luto, acorrentadas, marcou-nos de tal maneira que, dentro de nós, qualquer coisa se modificou e começou a ser diferente", pode ler-se no livro.
No testemunho de Clara Rojas, "toda aquela dor mal digerida" criou entre as duas "uma barreira de silêncio". "Não posso dizer que tenha acontecido alguma coisa de concreto, que tenha acabado com a nossa amizade, foi, antes, um distanciamento progressivo provocado pelas circunstâncias", escreveu.
Clara Rojas nasceu em 1963 em Bogotá, é advogada de direito comercial e foi professora universitária.
O livro vai ser lançado na Fundação Mário Soares, sendo apresentado pelo embaixador José Fernandes Fafe numa sessão que contará com a presença da autora e de Mário Soares.