Técnica de waterboarding foi usada 266 vezes pela CIA

Foto
Khalid Shaikh Mohammed Reuters

O waterboarding é uma técnica de interrogatório em que se enche as vias respiratórias com água para que a pessoa que é sujeita a esta prática tenha a sensação de que vai morrer afogada, e é geralmente classificada como tortura.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O waterboarding é uma técnica de interrogatório em que se enche as vias respiratórias com água para que a pessoa que é sujeita a esta prática tenha a sensação de que vai morrer afogada, e é geralmente classificada como tortura.

Em declarações ao Senado no final do mandato de Bush, o então director da CIA, Michael Hayden, tinha afirmado que a prática tinha sido usada “apenas” em três detidos.

Agora, o "New York Times" diz – citando um memorando do Departamento de Justiça de 2005 – que agentes da CIA usaram a técnica pelo menos 83 vezes em Agosto de 2002 em Abu Zubaydah, descrito como um operacional da rede terrorista Al-Qaeda.

Antes, um antigo responsável da CIA tinha afirmado à estação de televisão ABC news e outros media que Zubaydah tinha sido submetido a waterboarding durante apenas 35 segundos antes de concordar que revelaria tudo o que sabia.

O memorando do Departamento de Estado diz ainda que a simulação de afogamento foi feita 183 vezes em Khalid Sheikh Mohammed, o auto-proclamado planificador dos ataques de 11 de Setembro de 2001. Sabia-se que tinha sido sujeito a técnicas “duras” de interrogatório mais de cem vezes, e que tinha sido objecto de waterboarding, mas não havia, sublinha o "New York Times", ideia de que técnicas tinham sido usadas e quantas vezes.

O uso do waterboarding foi especialmente controverso, embora defendido pela Administração Bush que não o considerou “tortura”, e o Congresso votou, no ano passado, para proibir a técnica de interrogatório.

Na altura em que a questão foi debatida, responsáveis da CIA deram a entender que esta prática tinha sido usada só numa altura muito particular, apenas no período imediatamente a seguir ao 11 de Setembro, e apenas em três suspeitos. A dimensão do uso dessas técnicas referida no documento hoje citado no "New York Times" mostra um quadro diferente.

A CIA tinha antes causado especial polémica – e uma investigação do Departamento de Justiça – quando afirmou, em Dezembro de 2007, que tinha destruído as cassettes com as gravações dos interrogatórios de Mohammed e Zubaydah.

O então director da agência de espionagem tinha justificado as medidas duras com a quantidade de informação conseguida – Zubaydah e Mohammed tinham fornecido um quarto dos relatórios de informação humana sobre a rede de Osama bin Laden, disse Hayden.