Tutela admite que combate à diabetes exige mais intervenção e prevenção
"A prevalência da diabetes em Portugal é muito alta e isso é preocupante, mostra a evidência de que também há ainda um número muito grande de doentes que não sabem que estão doentes e portanto a conclusão mais relevante é que deve haver um reforço da capacidade de intervenção nos serviços de saúde", Francisco Ramos, à margem da apresentação do primeiro estudo nacional sobre a prevalência da diabetes em Portugal.
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"A prevalência da diabetes em Portugal é muito alta e isso é preocupante, mostra a evidência de que também há ainda um número muito grande de doentes que não sabem que estão doentes e portanto a conclusão mais relevante é que deve haver um reforço da capacidade de intervenção nos serviços de saúde", Francisco Ramos, à margem da apresentação do primeiro estudo nacional sobre a prevalência da diabetes em Portugal.
O responsável acrescentou que esse trabalho está já a ser feito "através da formação dos profissionais dos centros de saúde, em todos os agrupamentos de centros de saúde e tirando partido da reforma feita nos cuidados de saúde primários". Por outro lado, o governante defendeu a aposta na prevenção.
O estudo, apresentando hoje em Lisboa e efectuado pela Associação Protectora dos Diabéticos (APSP) e pela Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD), vem mostrar que mais de 900 mil portugueses sofrem da doença e que mais de 1,4 milhões têm pré-diabetes, ou seja, tem um risco elevado de vir a desenvolver a doença.
De acordo com o presidente da APSP, Luís Gardete Correia, é preocupante o "número muito elevado" de pessoas pré-diabéticas, ou seja, "pessoas que não têm diabetes, mas têm alterações e portanto têm um risco elevado de a curto ou a médio prazo desenvolverem a doença".
Diagnóstico tardio"Isto corresponde a qualquer coisa como mais um milhão e 400 mil pessoas, além destas 900 mil que têm mesmo já a diabetes", apontou Gardete Correia. "Muitas vezes o diagnóstico é feito ao fim de cinco, seis anos de doença não diagnosticada e após complicações que se podem dar em vários órgãos ou sistemas do nosso organismo e que são, em larga medida, evitáveis", defendeu Gardete Correia.
Para o presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD), é preciso reforçar a capacidade do programa de intervenção e controlo da diabetes através da criação de um sistema de informação global que monitorize e mostre o que é que os cuidados primários estão a fazer, além da criação de uma rede de profissionais "responsáveis pela diabetes".
"Será através desta rede, com a discussão dos números recolhidos pelo sistema de informação, que podemos estabelecer as estratégias concretas, precisas e possíveis de realizar ao nível local, porque é muito fácil termos estratégias nacionais com muito boas intenções, mas que não passam depois o crivo da realidade", disse José Manuel Boavida. No entender do presidente da SPD, é preciso procurar juntar aos cuidados de proximidade parcerias com as autarquias, com as escolas e com as associações de doentes.
O estudo registou "6,6 por cento de diabéticos diagnosticados, mas também detectou 5,1 por cento de pessoas que tinham a doença e não sabiam", sublinhou Gardete Correia. Este estudo foi desenvolvido de forma aleatória em 122 locais do país, atendendo à densidade populacional (zonas urbanas e zonas rurais), com uma amostra de 5167 pessoas representativas do país inteiro. A diabetes é uma doença crónica que se caracteriza pelo aumento dos níveis de açúcar (glicose) no sangue e pela incapacidade do organismo em transformar toda a glicose proveniente dos alimentos.