Amadora espera ter metro ligeiro de superfície a partir de 2010
O vereador dos Transportes e das Obras Municipais da Câmara da Amadora revelou ao PÚBLICO que está neste momento a ser desenvolvida a solução técnica que vai permitir criar “este conceito de transporte novo, que não existe em Portugal”, embora tenha algumas semelhanças com os trolleys que circulam em Coimbra desde a década de 40 do século XX. Segundo Gabriel Oliveira, é este carácter inovador que está na origem do atraso no projecto, cuja entrada em funcionamento chegou a ser anunciada para Maio de 2009.
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O vereador dos Transportes e das Obras Municipais da Câmara da Amadora revelou ao PÚBLICO que está neste momento a ser desenvolvida a solução técnica que vai permitir criar “este conceito de transporte novo, que não existe em Portugal”, embora tenha algumas semelhanças com os trolleys que circulam em Coimbra desde a década de 40 do século XX. Segundo Gabriel Oliveira, é este carácter inovador que está na origem do atraso no projecto, cuja entrada em funcionamento chegou a ser anunciada para Maio de 2009.
“Não existem em Portugal empresas que trabalhem para este tipo de solução. Estamos a ver se encontramos equipas e projectistas para que o projecto vá a bom porto a um preço que achemos aceitável”, afirmou o vereador, salientando que “sendo uma coisa nova, tem alguma dificuldade em arrancar”. A expectativa de Gabriel Oliveira é que as obras tenham início “até ao fim do ano” e se prolonguem por “nove a dez meses”.
O metro ligeiro de superfície vai ter pneus em vez de circular sobre carris, constituindo um meio de transporte “silencioso” e que se adapta à topografia do concelho, vencendo “declives até 15 por cento, enquanto o metro clássico no máximo chega aos sete”. A explicação é do vereador da Câmara da Amadora, que acrescenta que se trata de um veículo eléctrico ligado a catenárias, mas que tem um motor a diesel que lhe permite “seguir o percurso se houver algum acidente, avaria ou obra”.
Esta primeira fase do metro ligeiro de superfície vai ligar a futura estação da Reboleira do Metropolitano de Lisboa (cuja inauguração foi anunciada para o primeiro trimestre de 2011) à estação da Amadora-Este, atravessando as freguesias de Reboleira, Venda Nova, Falagueira, Mina, São Brás e Brandoa e terminando no centro comercial Dolce Vita Tejo, que abre as portas em Maio deste ano.
Gabriel Oliveira adiantou que esta obra, com uma extensão de cerca de sete quilómetros e entre 15 e 20 paragens, poderá custar “entre seis e sete milhões de euros”, o que representa uma diminuição substancial face aos 11 milhões de euros que tinham sido anunciados no início de 2008. “Baixámos os custos, estamos a tentar uma solução o mais económica possível”, explicou o autarca.
Segundo Gabriel Oliveira, este investimento vai ser suportado em “mais de metade” pela Chamartín Imobiliária, a promotora do Dolce Vita Tejo, contando ainda com participações do Metropolitano de Lisboa, da CP e da Rede Eléctrica Nacional. Não está previsto que o projecto acarrete qualquer custo para o município.
Sem adiantar valores, a administração do centro comercial confirmou ao PÚBLICO a sua “participação efectiva como co-financiador relevante” do metro ligeiro de superfície. “É um projecto que se enquadra na nossa política de responsabilidade e de desenvolvimento sustentado” e “só por isso já nos sentimos obrigados a apoiá-lo”, justificou a mesma fonte.
Quanto ao facto de o metro só dever entrar em funcionamento no último trimestre de 2010, mais de um ano depois da abertura do centro comercial, a administração sublinha que “o Dolce Vita Tejo, pela sua dimensão e características, não depende do desenvolvimento daquele projecto”. Ainda mais porque, acrescenta numa resposta escrita, “estão programadas diversas linhas, em transporte público, que entrarão em funcionamento aquando da inauguração” e o equipamento está “enquadrado por uma rede viária e de acessibilidades de excepção fortíssima”.
Odivelas e Loures procuram financiadores para entrar na rota do metro de superfícieNuma segunda fase, o metro ligeiro de superfície poderá chegar aos concelhos de Odivelas e de Loures, estando igualmente previsto que se estenda pelo centro da Amadora, alcançando o hospital de Amadora-
-Sintra. Mas este é um projecto sem data certa para sair do papel, que só deverá ser concretizado se se encontrarem investidores privados para a empreitada.
“Os traçados estão fechados. Temos meios financeiros para ligar ao Dolce Vita Tejo, mas daí para a frente...”, diz o vereador dos Transportes e das Obras Municipais da Câmara da Amadora, Gabriel Oliveira, salientando que em Portugal é a primeira vez que o sector privado participa num projecto desta natureza.
O PÚBLICO questionou o município de Odivelas sobre a sua participação na iniciativa, mas não obteve resposta. Em Maio de 2007, o vereador das Obras Municipais e Transportes, Sérgio Paiva, tinha revelado que o metro de superfície devia chegar ao concelho daí a cinco anos, com o financiamento de uma empresa responsável pela criação de um parque de ciência e tecnologia em Famões.
Gabriel Oliveira diz que, tanto quanto sabe, “inicialmente Odivelas tinha alguns parceiros que terá deixado cair”. Já a Câmara de Loures fez saber que, “infelizmente”, não há desenvolvimentos no processo, continuando a busca de investidores privados interessados em levá-lo avante.
Num futuro ainda mais longínquo, a ambição da Câmara da Amadora é levar o metro até ao concelho de Oeiras, unindo as linhas da CP de Sintra e da Cascais. “Oeiras mostrou interesse. O problema é a parte financeira”, explica mais uma vez Gabriel Oliveira.
Segundo Gabriel Oliveira, sistemas semelhantes estão em funcionamento em localidades francesas, suíças, alemãs e na cidade espanhola de Castellón.