Bispos afirmam que homossexualidade denota “problemas de identidade pessoal”

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Os bispos assumem que a Igreja se dispõe a acolher fraternalmente os homossexuais PÚBLICO (arquivo)

Não, não há nenhuma recomendação sobre o voto contra os partidos que votem pela legalização de casamentos homossexuais, como se interpretou a partir das palavras do porta-voz do episcopado, na semana passada. Mas a expressão “problemas de identidade pessoal” diz o que o Catecismo da Igreja Católica não se atreveu a dizer: “A génese [da homossexualidade] continua em grande parte por explicar. (...) Esta propensão, objectivamente desordenada, constitui, para a maior parte [dos homossexuais], uma provação.”

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Não, não há nenhuma recomendação sobre o voto contra os partidos que votem pela legalização de casamentos homossexuais, como se interpretou a partir das palavras do porta-voz do episcopado, na semana passada. Mas a expressão “problemas de identidade pessoal” diz o que o Catecismo da Igreja Católica não se atreveu a dizer: “A génese [da homossexualidade] continua em grande parte por explicar. (...) Esta propensão, objectivamente desordenada, constitui, para a maior parte [dos homossexuais], uma provação.”

O texto, intitulado “Em favor do verdadeiro casamento”, lamenta a “tentativa de desestruturar a sociedade portuguesa” com a equiparação das uniões homossexuais aos casamentos heterossexuais. A proposta foi apresentada na moção de José Sócrates ao congresso do PS, que decorre no próximo fim-de-semana, para fazer parte do programa eleitoral do partido às próximas legislativas.

Tal lei, consideram os bispos, longe de contribuir para o “progresso e unidade” da sociedade portuguesa, manifesta “uma concepção desfocada dos valores que se encontram na base do nosso modo de viver, entre os quais o casamento e a família têm um lugar privilegiado”.

O conselho permanente da CEP diz que a vida humana “assenta na complementaridade do homem e da mulher”, por princípio aberta “à geração de novas vidas” e que é a “base antropológica da família”. Uma verdade assumida por “diferentes culturas e civilizações” e reconhecido “implicitamente” na “Constituição da República e explicitamente [no] Código Civil Português”.

Os bispos assumem que a Igreja se dispõe a acolher “fraternalmente” os homossexuais, ajudando-os “a superar as dificuldades que, em não poucos casos, acarretam grande sofrimento”. Rejeitam também a adopção de crianças por homossexuais: “Tal constituiria uma alteração grave das bases antropológicas da família e com ela de toda a sociedade, colocando em causa o seu equilíbrio.”

A nota termina chamando a atenção para a “necessidade de iniciativas que ajudem as famílias estavelmente constituídas a superar os problemas económicos que muitas atravessam, que as valorizem como lugar primordial de educação dos filhos e que favoreçam a sua importância”.

Num comentário divulgado após a publicação da nota, o Rumos Novos – Grupo de Homossexuais Católicos reagiu, dizendo que a linguagem dos bispos “contribui para adensar a ferida existente no âmago de muitos homossexuais católicos, que se debatem de forma atroz contra eles próprios”.