A beleza como fim

Renée Fleming tem uma das vozes mais bonitas do mundo lírico. A beleza do seu registo agudo aliada à capacidade clínica para oscilar dinâmicas e o grau de vibrato fazem da soprano uma cantora de sonho, muito apropriada para cantar Strauss. Disso mesmo faz prova numa interpretação estonteante de árias da ópera "Ariadne auf Naxos" que inclui neste registo dedicado a Richard Strauss. A riqueza tímbrica da voz surge enquadrada numa limpidez extremamente cristalina, qualidades que os técnicos da Decca captam na perfeição e com um requinte impossível de transmitir ao vivo. Todas as subtilezas, como um ou outro resquício de ar com função expressiva, ou as nuances da orquestra, são reproduzidas na perfeição. Este é inquestionavelmente um dos melhores registos destas árias que já ouvi. Efeito idêntico tem a ária que termina o CD, da ópera "Die agyptische Helena", esta com um impacto dramático considerável e com variações de registo drásticas.

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Renée Fleming tem uma das vozes mais bonitas do mundo lírico. A beleza do seu registo agudo aliada à capacidade clínica para oscilar dinâmicas e o grau de vibrato fazem da soprano uma cantora de sonho, muito apropriada para cantar Strauss. Disso mesmo faz prova numa interpretação estonteante de árias da ópera "Ariadne auf Naxos" que inclui neste registo dedicado a Richard Strauss. A riqueza tímbrica da voz surge enquadrada numa limpidez extremamente cristalina, qualidades que os técnicos da Decca captam na perfeição e com um requinte impossível de transmitir ao vivo. Todas as subtilezas, como um ou outro resquício de ar com função expressiva, ou as nuances da orquestra, são reproduzidas na perfeição. Este é inquestionavelmente um dos melhores registos destas árias que já ouvi. Efeito idêntico tem a ária que termina o CD, da ópera "Die agyptische Helena", esta com um impacto dramático considerável e com variações de registo drásticas.

Mas são as "Quatro últimas canções" de Strauss que dão nome ao disco e com elas Fleming entra num outro campeonato onde ombreia com rivais de grande peso. O que mais agrada é a individualidade do timbre que permanece reconhecível e coeso do princípio ao fim. As longas frases em registos agudos, que pontuam canções como "Setembro", são de cortar a respiração. Esta estética centrada na perfeição da emissão vocal pode, por vezes, retirar um pouco do dramatismo das canções, sendo essa a única reserva a este registo de Fleming sob a direcção de um atentíssimo Christian Thielemann.