Fertilizações in vitro: Nova arma da genética promete melhorar taxa de sucesso

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Uma mulher de 41 anos que tinha tido dois abortos e 13 ciclos de fertilização sem sucesso está agora grávida Alessia Pierdomenico/Reuters

Chamemos-lhe A. Segundo os relatos divulgados ontem A. tem 41 anos e um pesado historial de insucessos no seu passado reprodutivo. Registam-se dois abortos e 13 ciclos de Fertilização Invitro sem sucesso.

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Chamemos-lhe A. Segundo os relatos divulgados ontem A. tem 41 anos e um pesado historial de insucessos no seu passado reprodutivo. Registam-se dois abortos e 13 ciclos de Fertilização Invitro sem sucesso.

Os especialistas que a receberam na clínica Care Fertility Group, em Nottingham, sabem que a idade da mulher explica muitas interrupções espontâneas de gravidez e que muitas destas, por sua vez, são provocadas por anomalias cromossómicas. Optam assim por rastrear os 23 cromossomas que compõem o glóbulo polar do óvulo (espécie de satélite que fica do lado de fora do óvulo mas integrado nele) antes da fertilização e sabendo que a grande maioria das anomalias cromossómicas têm causa materna. Foram colhidos nove óvulos e apenas dois não apresentavam anomalias. Os dois foram implantados e um desenvolveu-se numa gravidez de sucesso.

Os avanços das técnicas de Procriação Medicamente Assistida (PMA) já tinham chegado a este ponto mas nunca com este alcance. A biópsia ao primeiro glóbulo polar é uma técnica de diagnóstico genético pré-implantação usada em certos casos e indicada, por exemplo, para mulheres com mais de 39 anos ou abortos de repetição. No entanto, nestes casos geralmente o rastreio é feito a apenas alguns pares de cromossomas, entre 5 a 12 pares (cada ovócito tem 46 cromossomas, 23 pares), sendo que a verificação de 8 pares será suficiente para cobrir 60 por cento das situações de patologia. O que os especialistas da clínica do Reino Unido fizeram foi um rastreio dos 23 cromossomas do glóbulo polar do óvulo de A., que depois foi fertilizado e implantado com sucesso no útero. Isso nunca terá sido feito antes.

O método poderá aumentar consideravelmente as taxas de sucesso da Fertilização In Vitro (FIV). Os médicos que reclamam este sucesso falam mesmo na possibilidade de duplicar a taxa de PMA (passando da actual média de 25 por cento para 50 por cento).

O especialista Alberto Barros frisa que não conhece o caso em pormenor e acolhe o avanço com optimismo mas prudência. “É um passo importante, mais uma arma, um instrumento.” Reconhecendo que uma grande percentagem dos abortos acontece devido a anomalias cromossómicas e que a maioria tem causa materna, Alberto Barros nota, no entanto, que este rastreio genético é incompleto pois não abrange o conteúdo cromossómico do homem e não detecta eventuais anomalias no espermatozóide.