África.cont, um centro cultural africano na Av. 24 de Julho

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David Adjaye quer abrir a meio da Av. 24 de Julho, em Lisboa, uma "extraordinária praça pública" em redor da qual se vão distribuir os vários espaços do centro para a cultura africana contemporânea África.cont. Num terreno que desce da Rua das Janelas Verdes até à avenida, o arquitecto britânico planeia aproveitar quatro dos edifícios antigos e construir dois novos, naquilo que descreve como "belas justaposições entre a história e o futuro".

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David Adjaye quer abrir a meio da Av. 24 de Julho, em Lisboa, uma "extraordinária praça pública" em redor da qual se vão distribuir os vários espaços do centro para a cultura africana contemporânea África.cont. Num terreno que desce da Rua das Janelas Verdes até à avenida, o arquitecto britânico planeia aproveitar quatro dos edifícios antigos e construir dois novos, naquilo que descreve como "belas justaposições entre a história e o futuro".

Adjaye não pôde vir a Lisboa para apresentação oficial do projecto, a 9 de Dezembro, num jantar no Pavilhão de Portugal, mas explicou as suas ideias através de uma gravação vídeo, na qual mostrou a praça que pretende abrir, ladeada por dois edifícios que funcionarão como espaços de exposição. Daí pode-se ir subindo, passando por outros edifícios: o restaurante, um bar, o auditório. E os jardins. Outra possibilidade é entrar pelas Janelas Verdes, através do Palácio Pombal, que também integra o conjunto.

É neste espaço que deverá começar a funcionar, a partir de 2012, o centro que nasceu de uma ideia do ministro dos Negócios Estrangeiros Luis Amado, à qual aderiu o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, e que foi apadrinhada pelo primeiro-ministro José Sócrates.

A motivação começou, portanto, por ser política. O Governo pretende, com o centro, dar continuidade à ideia de que Lisboa é uma ponte entre a Europa e África, ideia lançada com a cimeira UE-África, que se realizou na cidade em 2007. Para Costa trata-se de uma oportunidade para afirmar a cidade como um espaço multicultural, somando o projecto de um arquitecto britânico de origem tanzaniana ao de outros desenhados para a zona ribeirinha por arquitectos de diferentes pontos do mundo.

O nome de Adjaye foi sugerido por José António Fernandes Dias, especialista em arte africana contemporânea e o responsável pela concepção do África.cont. A Câmara pôs à disposição do arquitecto o espaço entre as Janelas Verdes e a 24 de Julho conhecido como as Tercenas do Marquês, uma série de armazéns do século XVIII que se encontram bastante degradados. Foram, no passado, locais para armazenamento de matérias-primas e mercadorias que chegavam à praia de Santos, antes da construção do aterro, no século XIX (tercena, explica o texto de apresentação do projecto, vem do árabe dar-sina'a, e significa fábrica, arsenal, estaleiro).

De acordo com o mesmo texto, sabe-se pouco relativamente às origens e ocupação inicial das tercenas. "Os registos remontam ao início do século XIX, período em que um rico comerciante, José António Pereira, mandou construir o palacete Pombal sobre construções pré-existentes, integrando as tercenas no conjunto da sua propriedade e dando-lhes a configuração que actualmente apresentam: paredes portantes, maciças, de alvenaria húmida de pedra não aparelhada, rebocada".

Em Maio de 2010 o Palacete Pombal e as Tercenas do Marquês deverão receber uma exposição monográfica sobre a obra de David Adjaye.