Advogados de Polanski acusam o tribunal de Los Angeles de tendencioso

Foto

Os advogados de Roman Polanski pediram ontem que o caso em que o realizador solicita que sejam eliminadas as acusações que sobre ele pendem há 31 anos, por ter tido sexo com uma menor, seja julgado fora de Los Angeles. Na base do pedido está o argumento de que o Tribunal Superior do condado de Los Angeles é tendencioso e tem preconceitos em relação ao realizador, actor e argumentista polaco naturalizado francês.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Os advogados de Roman Polanski pediram ontem que o caso em que o realizador solicita que sejam eliminadas as acusações que sobre ele pendem há 31 anos, por ter tido sexo com uma menor, seja julgado fora de Los Angeles. Na base do pedido está o argumento de que o Tribunal Superior do condado de Los Angeles é tendencioso e tem preconceitos em relação ao realizador, actor e argumentista polaco naturalizado francês.

Trinta e um anos depois do caso que começou com uma sessão fotográfica para a "Vogue" francesa e que resultou no envolvimento sexual entre Polanksi e a  jovem de 13 anos Samantha Geimer, Polanski está a tentar que o processo judicial que ainda pende sobre ele seja anulado. Na época, o realizador cumpriu 42 dias de prisão depois de ter admitido culpa no caso e de ter sido julgado um ano depois do acto.  

Polanski exilou-se depois de o juiz Laurence J. Rittenband, encarregue do caso, ter dito aos advogados que pensava sentenciá-lo a 50 anos de prisão, mas dando-lhe a opção de ser deportado. Após ter saído do país em 1978, nunca mais pôde entrar nos EUA, nem para receber o Óscar de Melhor Realizador por "O Pianista".

Segunda-feira, os advogados de Polanski apresentaram uma moção no Conselho Judicial da Califórnia em que pedem que o organismo nomeie um novo juiz, de um outro tribunal, para apreciar o seu pedido de anulação das acusações. A equipa legal cita mesmo as declarações à imprensa do porta-voz do tribunal de Los Angeles, Alan Parachini, feitas em Dezembro e nas quais dizia que o realizador teria de apresentar a moção pessoalmente (e portanto sujeitando-o a prisão imediata), para evidenciar que o tribunal fez um "pré-juízo" e que tem algo contra Roman Polanski. Polanski continua a ser alvo de um mandado de captura nos EUA.

Para Chad Hummel, que representa o realizador residente em França, o Ministério Público de LA montou "uma campanha nos media" que considera ser "uma tentativa aparente para proteger um dos seus juízes".

Na base da vontade de anular as acusações que pendem sobre Polanski está a crença da sua equipa legal de que todo o caso foi conduzido de forma ilícita, nos anos 1970 e até à morte do juiz Rittenband, no âmbito de "um padrão de má conduta e comunicações impróprias" entre o gabinete do procurador-geral e o juiz Rittenband.

Rittenband, que morreu em 1993, era dado a casos envolvendo celebridades e era sensível ao que chamava a "pressão do público". As dúvidas sobre a sua conduta ao longo do caso Polanski são muitas, como diz outro advogado do realizador, David Dalton. A opinião é partilhada também por Roger Gunson, ex-representante do Ministério Público e membro da acusação do caso original, que no documentário de 2008 "Polanski: Wanted and Desired" verbaliza a sua compreensão perante a fuga de Polanski.