Há quem diga que o virtuosismo de Christian Lindberg no trombone só pode ser comparado ao de Paganini no violino ou ao de Liszt no piano. Este músico sueco fora do comum já estreou mais de 300 obras para o seu instrumento (30 da sua autoria) e gravou mais de 70 CDs a solo. É o único trombonista do nosso tempo a fazer carreira como solista, o principal impulsionador de uma extraordinária expansão do repertório (da Idade Média à actualidade) e de diversos aperfeiçoamentos na construção do instrumento.
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Há quem diga que o virtuosismo de Christian Lindberg no trombone só pode ser comparado ao de Paganini no violino ou ao de Liszt no piano. Este músico sueco fora do comum já estreou mais de 300 obras para o seu instrumento (30 da sua autoria) e gravou mais de 70 CDs a solo. É o único trombonista do nosso tempo a fazer carreira como solista, o principal impulsionador de uma extraordinária expansão do repertório (da Idade Média à actualidade) e de diversos aperfeiçoamentos na construção do instrumento.
De regresso a Portugal, apresentase este fim-de-semana na Casa da Música, com a Orquestra Nacional do Porto, para interpretar o Concerto para Trombone Alto do compositor setecentista Georg Wagenseil e uma peça fora das normas: o "Motorbike Concerto", escrito em 1988 por Jan Sandström. Do mesmo programa fazem parte duas obras famosas pelo seu ambiente bucólico e pastoral (a Suite Holberg, de Grieg, e a Sexta Sinfonia de Beethoven), que serão permeadas pela aparição de um original motard (Lindberg), que viaja na sua moto (ou melhor... no seu trombone) pelos quatro cantos do mundo.
Os fragmentos iniciais do "Motorbike Concerto" foram sugeridos ao compositor pelo relato que Lindberg lhe fez de algumas das suas viagens. Por exemplo a visita a uma reserva natural na Florida (que deu origem ao Crocodiles' Chorus", o segundo tema do concerto) ou o contacto com os aborígenes da Austrália e com o seu principal instrumento: o didgeridu, um ramo de árvore perfurado pelas formigas térmitas. Mas fazia falta algo que unificasse estas e outras passagens. Num dos encontros entre os dois músicos Lindberg começou, por brincadeira, a imitar o barulho de uma mota com o trombone e foi então que Sandström teve uma ideia brilhante: "Já sei! Tu és um viajente do mundo, um Ulisses dos dias modernos e o trombone é o teu meio de transporte!" Trata-se de uma das obras mais exigentes alguma vez escritas para o trombone, mas as extraordinárias capacidades de Lindberg poderão ser também aprecidas amanhã ao meio-dia, com o Grupo de Metais da ONP em música de outros compositores: Mark-Anthony Turnage, Toru Takemitsu, Christian Lindberg e Mussourgsky (na transcrição de Elgar Howarth dos famosos "Quadros de Uma Exposição").