Cardoso Pires, o contador de Lisboa

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O filme, estreado em 1998, tem uma vertente televisiva óbvia, não mostrando preocupações em vincar uma autoria. Mozos, dez anos depois, reafi rma essa ideia: "Eu assumi o fi lme como um projecto de televisão. O que interessava ali era mostrar o Cardoso Pires."

A ideia, desde o início, "não era fazer um trabalho de realização", mas sim "dar a conhecer alguém para que o maior número de pessoas possa saber quem era essa pessoa e o que ela fez". A ideia era, portanto, simples e despretensiosa, porém útil: "Criar interesse pela obra daquele senhor."

O projecto, aliás, não era de Mozos, mas uma encomenda da produtora Rosa Filmes ao realizador e quando foi abordado "já estava estabelecido que era um trabalho com a Clara Ferreira Alves e que seria ela a dirigir as entrevistas e a escolher as personalidades que prestariam depoimentos". Entre essas pessoas incluem-se os escritores António Lobo Antunes e António Tabuchi, o editor Nélson de Matos, o pintor Júlio Pomar e a própria mulher do escritor.

Por força das conversas com Clara Ferreira Alves, é um fi lme de diálogo e palavra fácil, com Cardoso Pires a revelar-se "um contador de histórias" que tanto recorda idas ao cinema à procura de pequenas masturbações como refl ecte sobre o seu trabalho obsessivo de reescrita. Pires surge também como um homem acessível - Mozos, aliás, diz que o escritor "foi sempre um tipo bem disposto, que nunca levantou muitos problemas", excepto que "às vezes não estava com vontade de ser fi lmado e tínhamos de adiar uma fi lmagem para outro dia".

O filme tenta aproximar-se do universo do escritor através dos locais escolhidos para fi lmar, como o British Bar, o Bar Americano, o Miradoiro da Graça e aborda a ideia de Cardoso Pires enquanto "escritor de Lisboa". Mozos: "Havia a ideia de o mostrar como lisboeta, até porque o fi lme segue-se ao lançamento do ''Lisboa - Diário de Bordo'', e nesse sentido o fi lme foi um pouco ''viciado'' pelo livro. Mas da minha parte não era claro que o fi lme fosse sobre o Cardoso Pires, escritor de Lisboa. Para mim era sobre um escritor que vivia em Lisboa e usava-a nos livros."

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O filme, estreado em 1998, tem uma vertente televisiva óbvia, não mostrando preocupações em vincar uma autoria. Mozos, dez anos depois, reafi rma essa ideia: "Eu assumi o fi lme como um projecto de televisão. O que interessava ali era mostrar o Cardoso Pires."

A ideia, desde o início, "não era fazer um trabalho de realização", mas sim "dar a conhecer alguém para que o maior número de pessoas possa saber quem era essa pessoa e o que ela fez". A ideia era, portanto, simples e despretensiosa, porém útil: "Criar interesse pela obra daquele senhor."

O projecto, aliás, não era de Mozos, mas uma encomenda da produtora Rosa Filmes ao realizador e quando foi abordado "já estava estabelecido que era um trabalho com a Clara Ferreira Alves e que seria ela a dirigir as entrevistas e a escolher as personalidades que prestariam depoimentos". Entre essas pessoas incluem-se os escritores António Lobo Antunes e António Tabuchi, o editor Nélson de Matos, o pintor Júlio Pomar e a própria mulher do escritor.

Por força das conversas com Clara Ferreira Alves, é um fi lme de diálogo e palavra fácil, com Cardoso Pires a revelar-se "um contador de histórias" que tanto recorda idas ao cinema à procura de pequenas masturbações como refl ecte sobre o seu trabalho obsessivo de reescrita. Pires surge também como um homem acessível - Mozos, aliás, diz que o escritor "foi sempre um tipo bem disposto, que nunca levantou muitos problemas", excepto que "às vezes não estava com vontade de ser fi lmado e tínhamos de adiar uma fi lmagem para outro dia".

O filme tenta aproximar-se do universo do escritor através dos locais escolhidos para fi lmar, como o British Bar, o Bar Americano, o Miradoiro da Graça e aborda a ideia de Cardoso Pires enquanto "escritor de Lisboa". Mozos: "Havia a ideia de o mostrar como lisboeta, até porque o fi lme segue-se ao lançamento do ''Lisboa - Diário de Bordo'', e nesse sentido o fi lme foi um pouco ''viciado'' pelo livro. Mas da minha parte não era claro que o fi lme fosse sobre o Cardoso Pires, escritor de Lisboa. Para mim era sobre um escritor que vivia em Lisboa e usava-a nos livros."