Black Ice
Primeiro porque os AC/DC nunca foram atirados para as trevas - eram um gigante veterano e adormecido. Depois, porque um hiato de oito anos, na escala AC/DC, não significa tempo algum. A banda dos irmãos Young existe há mais de 30 e, descontando a morte do primeiro vocalista, Bon Scott - substituído por Brian Johnson, que lhe encarnou a voz e os maneirismos -, nunca mudou o que quer que fosse. Os AC/DC são rock'n'roll despido aos seus impulsos mais básicos e, álbum após álbum, riff após riff, é isso que têm para oferecer ao mundo. Afirmá-lo, entenda-se, não é uma crítica - é preciso talento para encontrar uma fórmula tão eficiente como esta e mantê-la válida durante tanto tempo. De certa forma, os AC/ DC sobreviveram e construíram o seu estatuto por ignorarem olimpicamente que havia um planeta em rotação à sua volta. São os Stones do hard-rock, heróis do "air-guitar" de digníssimos quarentões e "Black Ice", que tanto podia ter sido editado em 2008, quanto em 1998 ou 1988, chega para o relembrar à populaça. Cá os temos então: a bateria como metrónomo, colada ao baixo pulsante, os riffs e os solos estrategicamente colocados de Angus Young e o grasnar de Brian Johnson abordando as questões de sempre (é só reparar nos títulos: "Rock'n'roll train", "She likes rock'n'roll", "Rock'n'roll dream", "Rocking all the way"). "Rock'n'roll train” será um clássico dos concertos, "Anything goes" parece obra de Springsteen em "Born In The USA" e é um tremendo tiro ao lado, "Stormy may day" aproxima-se como nunca da raiz do blues (está tudo na guitarra slide de Angus Young) e "She likes rock'n'roll" surge como o momento progressista do álbum: a bateria muda o padrão e nasce um groove que parece citar a pompa dos Led Zeppelin por alturas de "Houses of the holy". Há mais onze canções no álbum. São AC/DC vintage (que são também, como se terá depreendido, os AC/DC modernos).
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Primeiro porque os AC/DC nunca foram atirados para as trevas - eram um gigante veterano e adormecido. Depois, porque um hiato de oito anos, na escala AC/DC, não significa tempo algum. A banda dos irmãos Young existe há mais de 30 e, descontando a morte do primeiro vocalista, Bon Scott - substituído por Brian Johnson, que lhe encarnou a voz e os maneirismos -, nunca mudou o que quer que fosse. Os AC/DC são rock'n'roll despido aos seus impulsos mais básicos e, álbum após álbum, riff após riff, é isso que têm para oferecer ao mundo. Afirmá-lo, entenda-se, não é uma crítica - é preciso talento para encontrar uma fórmula tão eficiente como esta e mantê-la válida durante tanto tempo. De certa forma, os AC/ DC sobreviveram e construíram o seu estatuto por ignorarem olimpicamente que havia um planeta em rotação à sua volta. São os Stones do hard-rock, heróis do "air-guitar" de digníssimos quarentões e "Black Ice", que tanto podia ter sido editado em 2008, quanto em 1998 ou 1988, chega para o relembrar à populaça. Cá os temos então: a bateria como metrónomo, colada ao baixo pulsante, os riffs e os solos estrategicamente colocados de Angus Young e o grasnar de Brian Johnson abordando as questões de sempre (é só reparar nos títulos: "Rock'n'roll train", "She likes rock'n'roll", "Rock'n'roll dream", "Rocking all the way"). "Rock'n'roll train” será um clássico dos concertos, "Anything goes" parece obra de Springsteen em "Born In The USA" e é um tremendo tiro ao lado, "Stormy may day" aproxima-se como nunca da raiz do blues (está tudo na guitarra slide de Angus Young) e "She likes rock'n'roll" surge como o momento progressista do álbum: a bateria muda o padrão e nasce um groove que parece citar a pompa dos Led Zeppelin por alturas de "Houses of the holy". Há mais onze canções no álbum. São AC/DC vintage (que são também, como se terá depreendido, os AC/DC modernos).