Capturado Radovan Karadzic, antigo líder sérvio da Bósnia

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Karadzic é acusado de vários crimes de guerra e genocídio Petar Kujundzic/Reuters

Karadzic é acusado de vários crimes de guerra e genocídio, incluindo a morte de cerca de 8000 homens e rapazes muçulmanos no massacre de Srebrenica. Andava a monte desde 1996, tal como o seu comandante militar, Ratko Mladic, que continua em fuga. Ambos eram procurados pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) para os Crimes de Guerra da Ex-Jugoslávia.

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Karadzic é acusado de vários crimes de guerra e genocídio, incluindo a morte de cerca de 8000 homens e rapazes muçulmanos no massacre de Srebrenica. Andava a monte desde 1996, tal como o seu comandante militar, Ratko Mladic, que continua em fuga. Ambos eram procurados pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) para os Crimes de Guerra da Ex-Jugoslávia.

"O interrogatório terminou", declarou o juiz de instrução Milan Dilparic, citado pela agência Beta news. Dilparic recusou, porém, revelar mais detalhes sobre o interrogatório, qualificando-o de "confidencial".

O procurador do TPI, Serge Brammertz, é esperado hoje na capital sérvia. O procurador tinha já confirmado ontem a detenção do antigo responsável político sérvio bósnio, acusado de genocídio e em fuga há cerca de 13 anos.

"O procurador Serge Brammertz saúda a detenção hoje de Radovan Karadzic (...) Ele está em fuga há cerca de 13 anos ", indicava um comunicado do TPI.

A notícia foi primeiramente avançada pela presidência sérvia, que indicou que o antigo líder dos sérvios bósnios foi detido pelos serviços de segurança sérvios. Em Belgrado, os festejos pela detenção de Karadzic - um dos principais entraves nas negociações da entrada da Sérvia na União Europeia - estenderam-se pela madrugada.

Svetozar Vujacic, o advogado do ex-líder sérvio da Bósnia, assegurou que o seu cliente foi detido na passada sexta-feira, mas que as autoridades sérvias só deram conta da detenção ontem à noite.

De acordo com Vujacic aos meios de comunicação sérvios, Karadzic foi detido às 21h30 (19h30 em Lisboa) da passada sexta-feira num autocarro que percorria a estrada entre Nova Belgrado e Batajnica, uma localidade a poucos quilómetros a norte da capital sérvia.

O advogado, que disse não saber quem deteve Karadzic, assegurou que a detenção foi ilegal, já que o arguido deveria ter sido levado de imediato a um juiz de instrução e isso não aconteceu. O causídico indicou ainda que o ex-líder sérvio goza de boa saúde, mas que perdeu bastante peso e nega-se a ingerir alimentos.

O advogado de Karadzic indicou ainda que o seu cliente qualificou a situação que levou à sua detenção de "farsa" e que terá utilizado o seu "direito de permanecer em silêncio durante o interrogatório".

Depois de ter sido acusado formalmente pelo TPI por crimes de guerra, Karadzic entrou na clandestinidade, dispondo de uma rede de apoiantes que o ajudavam na fuga. Diversas tentativas de detenção levadas a cabo pela NATO na Bósnia acabaram por falhar. O departamento de Estado tinha prometido uma recompensa de cinco milhões de dólares por informações que conduzissem à sua detenção.

Por seu lado, o diplomata americano Richard Holbrooke, artesão dos acordos de paz de Dayton, que meteram um ponto final à guerra da Bósnia, designou Karadzic – numa entrevista à BBC – como o “Osama bin Laden da Europa”. Acrescentou ainda que “um grande malfeitor foi retirado da cena pública”.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, indicou por seu lado, em comunicado, que a detenção foi “um momento histórico para as vítimas”.

Em Sarajevo, Bósnia, onde se cometeram algumas das mais terríveis atrocidades, as “Mães de Srebrenica” – cujos maridos e filhos foram mortos durante a guerra – também saudaram a detenção de Karadzic. “Foi finalmente feita justiça”, indicou à AFP um responsável dessa associação, Kada Hotic.