A selecção portuguesa até os feriados muda

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Os adeptos dizem que Portugal deu um banho de bola à Turquia Denis Balibouse/Reuters

O pacato domingo de Neuchatel foi completamente subvertido por milhares de portugueses que invadiram as habitualmente vazias e tranquilas ruas da cidade com bandeiras, cachecóis e camisolas. A já famosa lei do silêncio que as autoridades suíças têm tentado impor foi novamente esquecida e o barulho foi uma constante durante toda a tarde (na noite anterior, já milhares de portugueses tinham esperado, eufóricos, até à 1h30 da madrugada, pela chegada do autocarro da selecção ao hotel onde a comitiva está instalada).

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O pacato domingo de Neuchatel foi completamente subvertido por milhares de portugueses que invadiram as habitualmente vazias e tranquilas ruas da cidade com bandeiras, cachecóis e camisolas. A já famosa lei do silêncio que as autoridades suíças têm tentado impor foi novamente esquecida e o barulho foi uma constante durante toda a tarde (na noite anterior, já milhares de portugueses tinham esperado, eufóricos, até à 1h30 da madrugada, pela chegada do autocarro da selecção ao hotel onde a comitiva está instalada).

Com barracas cheias de produtos nacionais, ranchos folclóricos, tunas académicas e a presença dos sempre inevitáveis governantes, a comunidade emigrante comemorou o Dia de Portugal dois dias antes da data oficial. A selecção fez o feriado mudar de dia e o treino (aberto ao público e onde novamente 12 mil portugueses apoiaram histéricos a equipa) foi uma espécie de homenagem aos “heróis” da véspera.

Scolari deu descanso aos titulares da partida com a Turquia, que, depois de um pouco de corrida, apenas tiveram que distribuir autógrafos e camisolas, regressando aos balneários meia-hora depois de terem subido ao relvado debaixo de uma enorme ovação. Os restantes alimentaram o orgulho de ser português que neste domingo, em Neuchatel, teve um daqueles dias em cheio.

O bom e o mau da vitória

Um dia depois da vitória que colocou o país a sonhar com a repetição do percurso que a selecção fez no Euro 2004 e o levou à final do Europeu, é possível analisar com frieza a partida contra a Turquia. Para quem perguntasse aos portugueses que hoje circulavam à volta do estádio La Maladière se Portugal tinha jogado bem, a resposta era unânime. A selecção não tinha apenas jogado bem; tinha dado “um banho de bola”, um “festival”.

Na opinião dos portugueses, a exibição da selecção teve o mérito de não ter ficado dependente de um ou dois jogadores, mas de ter aproveitado as qualidades acima da média que a maior parte deles possui.

Ao contrário do que se temia, afinal Portugal não está dependente de um momento de inspiração de Cristiano Ronaldo. Scolari conseguiu montar um esquema onde todos os outros também contribuem para o sucesso e a equipa apresentou um Deco com os seus truques de magia, um Petit cheio de fôlego e um João Moutinho que fez esquecer Maniche.

Claro que também se perceberam algumas limitações. Mas elas já se conheciam antes do início do Europeu, pois não é surpresa para ninguém que Paulo Ferreira não é defesa lateral esquerdo.

Entre os emigrantes que festejavam o seu dia (das comunidades portuguesas), todos reconheciam que Portugal não foi só aquilo que esperavam, mas foi mais do que aquilo que esperavam. Já entre os jornalistas estrangeiros que habitualmente acompanham a selecção, a impressão era de que Portugal se tinha limitado a confirmar o que já tinham previsto.