EDP Renováveis estreia em bolsa a cair 4,37 por cento

Para além da forte queda, para um mínimo de 7,65 euros, que contrasta com as garantias de investimento atractivo deixadas pelos responsáveis da EDP durante a oferta pública de subscrição, transaccionaram-se 47,7 milhões de acções. Este montante, inusitado, gerou um clima de suspeição no mercado, uma vez que começou por se admitir que a fatia principal de acções, os 190 milhões de acções dos investidores institucionais, ainda não estava disponível para ser transaccionada.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Para além da forte queda, para um mínimo de 7,65 euros, que contrasta com as garantias de investimento atractivo deixadas pelos responsáveis da EDP durante a oferta pública de subscrição, transaccionaram-se 47,7 milhões de acções. Este montante, inusitado, gerou um clima de suspeição no mercado, uma vez que começou por se admitir que a fatia principal de acções, os 190 milhões de acções dos investidores institucionais, ainda não estava disponível para ser transaccionada.

Quem está a dar ordens de venda tão elevadas? Era a pergunta que vários operadores faziam ontem e para a qual não tinham resposta. Existia apenas a certeza de que não eram os pequenos investidores a desfazerem-se dos títulos, porque as ordem eram elevadas e o montante movimentado rapidamente se aproximou do total reservado a estes accionistas, que foi de 38 milhões de acções.

Vendas por parte de grandes accionistas da EDP, que receberam acções da Renováveis, vendas a descoberto (por accionistas institucionais que ainda não têm acções disponíveis, mas que contavam tê-las na data de liquidação) foram possibilidades colocadas. Afinal, havia ainda outra possibilidade, a de serem os accionistas institucionais, com recurso a empréstimo de acções, garantidos pela EDP, e referidos no prospecto da operação. "Por forma a facilitar a liquidação da venda institucional, a EDP procederá ao empréstimo, aos intermediários financeiros, de 150.938.716 de acções, previamente admitidas a negociação no Eurolist by Euronext Lisbon nos termos de um contrato de empréstimo de acções", refere o documento na página 117.

Contactada pelo PÚBLICO, fonte oficial da EDP desvalorizou a queda do título, argumentado com o facto de os mercados accionistas terem ontem registado um dia de quedas generalizadas, incluindo as empresas congéneres. A mesma fonte também rejeitou que pudessem ser accionistas da EDP a quebrar acordos e a vender as acções, e considerou o volume de transacções razoável para um dia de estreia e a dimensão da operação em causa.

Contactada pelo PÚBLICO, fonte oficial da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) adiantou que a entidade está a acompanhar a operação, como faz regularmente.

Sobre a influência de alguns responsáveis da EDP na forte procura gerada - durante o período de subscrição foram fazendo declarações sobre a grande oportunidade de investimento - a fonte da CMVM lembrou que a leitura do prospecto é obrigatória para quem vai investir e aí constavam os riscos da operação.

A entidade supervisora lembra também que, face a uma entrevista do administrador financeiro da EDP, Nuno Alves, obrigou a empresa a fazer um comunicado. Nessa entrevista, à pergunta sobre quais são as fragilidades da empresa, Nuno Alves respondeu: "Deixar de haver vento."

Ontem, no mercado, havia quem referisse que havia vento suficiente, e começasse a questionar se não foi o preço de venda das acções que foi desajustado.