Corações
O mais recente filme do mestre francês é um reencontro com o dramaturgo inglês Alan Ayckbourn, que já dera origem ao magnífico díptico "Fumar"/ "Não Fumar", e cuja peça "Private Fears in Public Places" é agora adaptada para o cinema pela habitual companhia de actores de Resnais. Mas quem esperar uma comédia que fala de coisas muito sérias a brincar - como, por exemplo, "É Sempre a Mesma Cantiga" - pode tirar o cavalinho da chuva: "Corações", ou os encontros e desencontros de seis solidões em tom de "pescadinha de rabo na boca" numa Paris impessoal inteiramente recriada em estúdio, é obra de surpreendente melancolia resignada e angustiante desespero surdo. Partitura para seis actores e voz-off milimetricamente interpretada e dirigida com mão de mestre por Resnais, espécie de retrato impiedosamente compassivo de gente normal a quem a vida trocou as voltas, é prova cabal de como uma peça de teatro pode tornar-se num grande filme - mesmo que pouco unânime junto de bastantes apreciadores do realizador.
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O mais recente filme do mestre francês é um reencontro com o dramaturgo inglês Alan Ayckbourn, que já dera origem ao magnífico díptico "Fumar"/ "Não Fumar", e cuja peça "Private Fears in Public Places" é agora adaptada para o cinema pela habitual companhia de actores de Resnais. Mas quem esperar uma comédia que fala de coisas muito sérias a brincar - como, por exemplo, "É Sempre a Mesma Cantiga" - pode tirar o cavalinho da chuva: "Corações", ou os encontros e desencontros de seis solidões em tom de "pescadinha de rabo na boca" numa Paris impessoal inteiramente recriada em estúdio, é obra de surpreendente melancolia resignada e angustiante desespero surdo. Partitura para seis actores e voz-off milimetricamente interpretada e dirigida com mão de mestre por Resnais, espécie de retrato impiedosamente compassivo de gente normal a quem a vida trocou as voltas, é prova cabal de como uma peça de teatro pode tornar-se num grande filme - mesmo que pouco unânime junto de bastantes apreciadores do realizador.