Quénia: Kofi Annan testemunha “abusos graves e sistemáticos aos direitos humanos”

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Kofi Annan apelou a uma investigação a estes abusos Antony Njuguna/Reuters

Annan falava numa conferência de imprensa organizada na capital queniana, depois da sua visita de algumas horas à região oeste do Quénia, epicentro – com Nairobi – das violências das últimas semanas.

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Annan falava numa conferência de imprensa organizada na capital queniana, depois da sua visita de algumas horas à região oeste do Quénia, epicentro – com Nairobi – das violências das últimas semanas.

“Não podemos autorizar a impunidade”, acrescentou.

“Até pode ter sido causada pelos resultados eleitorais, mas (a violência) evoluiu para algo de diferente, onde existem abusos sistemáticos”, acrescentou Annan.

O antigo secretário-geral da ONU apelou a uma investigação a estes abusos. “É essencial que os factos sejam denunciados e os responsáveis devem responder por eles”, disse aos jornalistas. “O Governo terá de fazer o que lhe for possível para aumentar a segurança”.

Confrontos mataram 25 pessoas em Nakuru

Homens armados saíram às ruas em Nakuru e mataram, pelo menos, 25 pessoas.

Na morgue de Nakuru, familiares choram as vítimas enquanto a polícia traz mais 16 corpos num camião.

As autoridades tinham imposto um recolher obrigatório em Nakuru para conter os confrontos entre grupos rivais. Mas testemunhas afirmaram que a polícia da cidade ficou nos seus postos, aparentemente sem saber como conter o caos.

O Quénia, um dos países africanos mais estáveis até ao final de 2007, atravessa uma grave crise, nascida da contestação dos resultados das eleições presidenciais. O chefe de Estado cessante, Mwai Kibaki, foi reeleito. Mas o líder da oposição, Raila Odinga, reivindica a vitória, afirmando que a contagem dos votos está manchada por fraudes.

Num mês, mais de 800 pessoas foram assassinadas em episódios de violência político-étnica, e cerca de 250 mil pessoas foram desalojadas.