Prémio Universidade de Coimbra distingue José Epifânio da Franca
"Este prémio vai ao encontro de uma pessoa que representa bem uma nova universidade", declarou o presidente do júri, Seabra Santos, ao reportar-se ao galardoado, considerado um exemplo de cientista e tecnólogo da nova geração.
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"Este prémio vai ao encontro de uma pessoa que representa bem uma nova universidade", declarou o presidente do júri, Seabra Santos, ao reportar-se ao galardoado, considerado um exemplo de cientista e tecnólogo da nova geração.
Professor Catedrático Convidado do Instituto Superior Técnico, de Lisboa, e Professor Adjunto da universidade chinesa de Hong-Hong, José Epifânio da Franca teve a "opção invulgar" de persistir em centrar a sua atenção nos sistemas analógicos, quando a generalidade dos laboratórios mundiais deles se afastava, seduzidos pelos apelos do mundo digital.
"Quando em meados dos anos 90 os grandes fabricantes mundiais de equipamentos electrónicos começaram a querer aplicar as suas soluções digitais ao mundo real, onde os fenómenos da imagem e da voz são analógicos, o grupo de José Epifânio da Franca era dos poucos que detinham, a nível mundial, a capacidade para conceber soluções que ligassem os dois mundos", refere uma nota da Universidade de Coimbra.
José Dias Figueiredo, professor da UC, que propôs aos colegas do júri a atribuição do prémio a José Epifânio da Franca, recordou que ele dizia que "o mundo é em analógico" e acabou por colher os benefícios sobre uma previsão que fez sobre o desenvolvimento.
Em 1997 fundou a empresa Chipidea, com os seus principais investigadores, para se dedicar a este tipo de concepção. O mercado estava por construir, e o seu maior desafio foi criar uma rede de valor mundial que ligasse os grandes produtores de circuitos integrados com as grandes empresas fabricantes de equipamentos e soluções, como a Nokia ou a Siemens, lê-se no documento da UC.
"Ele desenvolve a inteligência. Ele não precisou de ter uma fábrica. Representa algo de muito invulgar na construção da ciência: foi estabelecer uma rede mundial entre aqueles que necessitam dos circuitos e aqueles que os produzem", realçou Dias Figueiredo.
Para o júri, José Epifânio da Franca "ultrapassou largamente os modelos tradicionais de produção científica, assentes na investigação maioritariamente universitária, a montante da realidade económica e social, para se consagrar à construção de conhecimento de ponta e seu fornecimento, no próprio contexto de aplicação económica e social".
José Epifânio da Franca desenvolveu uma carreira brilhante e inovadoraSegundo Seabra Santos, reitor da UC, ao ser atribuído a José Epifânio da Franca, o Prémio Universidade de Coimbra 2008 vem contemplar pela primeira vez uma área científica - a tecnológica -, depois de nas edições anteriores ter distinguido Fernando Lopes da Silva (neurocirurgião), António Hespanha (historiador), Luís Miguel Cintra (artes do espectáculo), Maria Helena da Rocha Pereira (estudos clássicos) e Marcelo Viana (matemático).
Para o reitor e presidente do júri, José Epifânio da Franca desenvolveu uma carreira "com grande brilhantismo, por caminhos muito inovadores, colocando o seu saber e o da sua equipa ao serviço e valorização da sociedade".
José Epifânio da Franca, que chegou a ser secretário de Estado dos Recursos Educativos de um Governo de Cavaco Silva, tem trabalhos publicados em 60 revistas científicas, é co-autor de cinco patentes internacionais e foi condecorado com o grau de Grande Oficial da Ordem do Mérito pelo ex-Presidente da República Jorge Sampaio.
Ao ser galardoado com o Prémio Universidade de Coimbra vai receber 25 mil euros, patrocinados pelo Banco Santander-Totta e Jornal de Notícias. O prémio será entregue no dia da comemoração dos 718 anos da fundação da Universidade, a 01 de Março.