Reviravolta na luta pela presidência da Agência Mundial Antidopagem

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A polémica abafa as discussões na Conferência Mundial que decorre em Madrid Eriko Sugita/Reuters

O convite a Drut foi confirmado pelo próprio, à comunicação social, durante o almoço do segundo dia da terceira Conferência Mundial sobre Doping no Desporto: “Aceitarei o cargo se for apresentado pelos governos. Ficarei até Maio para clarificar a situação. Será nessa altura que se realizará nova reunião do conselho fundador da AMA, responsável pela eleição das chefias do organismo.

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O convite a Drut foi confirmado pelo próprio, à comunicação social, durante o almoço do segundo dia da terceira Conferência Mundial sobre Doping no Desporto: “Aceitarei o cargo se for apresentado pelos governos. Ficarei até Maio para clarificar a situação. Será nessa altura que se realizará nova reunião do conselho fundador da AMA, responsável pela eleição das chefias do organismo.

Para já, o conselho fundador reunir-se-á amanhã, também em Madrid. Se Drut for efectivamente nomeado, receberá o apoio não só dos governos que apoiarem a candidatura, mas principalmente do Comité Olímpico Internacional (COI), pois Drut é membro desde organismo. Aos jornalistas, o francês não rejeitou a possibilidade de, em Maio, tentar recandidatar-se.

O PÚBLICO apurou que, em virtude destes desenvolvimentos, decorre nesta altura uma reunião dos representantes, na AMA, da CAHAMA (Comité Ad Hoc Europeu de Coordenação para a Agência Mundial Antidopagem) e do Conselho da Europa.

Guerra entre Europa e países anglo-saxónicos

Há alguns meses, o continente europeu tinha um candidato aparentemente vitorioso: Jean-François Lamour, ex-ministro francês dos Desportos e vice-presidente da agência. Os estatutos da AMA estabelecem que a presidência é alternada entre governos e movimento desporto (Pound foi escolhido em 1999 pelo Comité Olímpico Internacional) e havia um entendimento informal de a Europa deveria assumir a liderança, tendo em conta que cobre quase um quarto do orçamento do organismo – o COI cobre metade e o restante é pago pelos outros continentes.

No entanto, em Setembro, numa reunião do comité executivo da AMA, surgiu um candidato inesperado e quase desconhecido na luta antidoping: John Fahey, ex-ministro e ex-presidente do comité organizador dos Jogos Olímpicos de Sydney 2000. Os representantes dos países no comité executivo decidiram que os dois candidatos teriam de passar por umas primárias junto do lado governamental do comité fundador

Lamour rejeitou as primárias e desistiu, criticando a agência e as alegadas posições mais liberais de Fahey (o australiano é apoiado por países anglo-saxónicos, como os EUA, Austrália, África do Sul, Nova Zelândia e até a Dinamarca, e a União Ciclista Internacional). Os europeus ficaram sem candidato, quando o prazo para apresentar candidaturas já tinha terminado, mas, numa reunião realizada em Lisboa, rejeitaram de imediato apoiar Fahey e ontem decidiram tentar adiar a eleição para o próximo encontro do conselho fundador da AMA.

Os cinco membros europeus neste órgão da agência são ocupados pelo Conselho da Europa (dois) e pela União Europeia (três). Laurentino Dias, secretário de Estado do Desporto e Juventude de Portugal, ocupa actualmente um desses lugares.