Doping: atletas querem sanções mais duras e Agência Mundial Antidopagem alerta para o tráfico

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Atletas pedem ajuda a governos para banir quem está por detrás dos batoteiros Tobias Schwarz/Reuters

“Os países devem promover os atletas limpos, deve falar-se mais desses do que dos que fazem batota. E são precisas mais sanções, porque os atletas limpos não têm nada a esconder”, vincou o russo, pedindo também sanções financeiras para quem se dopa, pelos prejuízos que causam aos atletas que não recorrem à dopagem, e para que as amostras sejam guardadas durante oito anos, para que possam ser reanalisadas ou usadas para pesquisa científica.

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“Os países devem promover os atletas limpos, deve falar-se mais desses do que dos que fazem batota. E são precisas mais sanções, porque os atletas limpos não têm nada a esconder”, vincou o russo, pedindo também sanções financeiras para quem se dopa, pelos prejuízos que causam aos atletas que não recorrem à dopagem, e para que as amostras sejam guardadas durante oito anos, para que possam ser reanalisadas ou usadas para pesquisa científica.

Defendendo que os canabinóides não devem sair da lista proibida, “para que isso sirva de mensagem para os mais jovens e o público em geral”, Fetisov exigiu que “federações desportivas e organizações antidoping” respeitem a confidencialidade prevista em alguns procedimentos do sistema antidopagem.

Mas, apesar de pedir mais sanções para quem se dopa, o russo defende que a luta contra o doping se deve centrar nas pessoas que rodeiam os atletas – treinadores, médicos, pais, patrocinadores, agentes, advogados, dirigentes, etc. “Estas pessoas têm de ser banidas. O desporto não consegue bani-los sozinho: precisa de ajuda dos Estados. Não é justo que os atletas sejam punidos e o pessoal de apoio não”, vincou.

Para Fetisov, “os traficantes devem ser o principal alvo” do combate ao doping. David Howman, director-geral da AMA, também reconhece os perigos do tráfico de dopantes, pois este negócio é menos arriscado que o das drogas recreativas e até pode gerar mais dinheiro. Howman deu como exemplo a operação Raw Deal, na qual a Drug Enforcement Agency (DEA), agência anti-droga dos EUA, apreendeu 50 milhões de dólares em esteróides (mais de 34,1 milhões de euros) e acredita que se trata “apenas da ponta do icebergue”.

Howman alertou ainda para os riscos para a saúde dos consumidores, a esmagadora maioria fora do desporto profissional. Esta rede comprava pó de esteróides na China e fazia o produto final já nos EUA, “em laboratórios de cozinhas, garagens, caves, sem qualquer controlo de qualidade”. “Em muitos países não há leis que proíbam este tráfico. Tem de haver regras. Temos de parar com isto o mais depressa possível”, afirmou o director-geral da AMA.

À imprensa, Richard Pound defendeu a mesma tese, mas esclareceu que a AMA não tem uma posição sobre a criminalização do próprio consumidor. “Isso é com os países. Há alguns que já fizeram, mas eu não acredito que isso aconteça no meu [Canadá]. Mas temos uma rede contra o tráfico. No processo para encontrar os traficantes, encontram-se os clientes. E o nosso objectivo é fazer com que as autoridades desportivas possam usar a informação disponível.”