China suspende publicação de relatório sobre custo económico da destruição ambiental
O jornal escreve hoje que a divulgação de um relatório sobre o chamado PIB verde, que estimava o custo da poluição e da degradação ambiental em 2005, foi "adiada por tempo indefinido". A publicação do documento estava prevista para Março, segundo o jornal "China Youth Daily".
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O jornal escreve hoje que a divulgação de um relatório sobre o chamado PIB verde, que estimava o custo da poluição e da degradação ambiental em 2005, foi "adiada por tempo indefinido". A publicação do documento estava prevista para Março, segundo o jornal "China Youth Daily".
Wang Jinnan, especialista da Academia de Gestão Ambiental e responsável técnico do projecto, afirma que a ideia da publicação dos custos da má qualidade do ar, da água e dos solos motivou a oposição das autoridades locais, desejosas de manter os actuais ritmos de crescimento económico.
O investigador diz mesmo que alguns governos provinciais pressionaram o Ministério do Ambiente, a Administração Estatal para a Protecção Ambiental e o Instituto Nacional de Estatística com vista à não divulgação do documento.
"Posições muito divergentes" sobre o relatórioSegundo Wang, a administração ambiental que dirige e o instituto de estatística "têm posições muito divergentes" sobre o que o relatório deve dizer e como essa informação deve ser divulgada.
No início deste mês, a Academia de Gestão Ambiental considerou que a ideia de um PIB verde é essencial para acabar com "a fixação das autoridades no crescimento".
Em resposta, o responsável pelo Instituto de Estatística, Xie Fuzhan, disse que o Governo deixou de utilizar o conceito de PIB verde por não ser internacionalmente aceite. Apesar disso, garantiu que a China vai continuar a divulgar dados sobre a eficiência energética, a utilização do solo e as emissões.
Alguns economistas chineses alegam que os métodos e a informação disponível para calcular os prejuízos económicos da exploração ambiental ainda não estão preparados para ser interpretados.
Sem o apoio do Instituto de Estatística será impossível manter a investigação para calcular os custos da destruição ambiental, lembrou Wang.
Custos da degradação ambiental preocupam autoridades chinesasUm relatório de 2004 calculou que a degradação ambiental custa à China 68 mil milhões de dólares (49 mil milhões de euros) por ano, ou 3,05 por cento do PIB, um número que o Governo considerou "chocante".
O relatório relativo a 2005 foi publicado em Setembro do ano passado e constatou prejuízos ainda mais elevados do que em 2004.
Já este mês, o "Financial Times" noticiou que a China pediu ao Banco Mundial que não publique as suas estimativas sobre o número de mortes prematuras no país devido à poluição do ar e da água.
Segundo o estudo do Banco Mundial, 460 mil crianças chinesas morrem prematuramente, por ano, devido à poluição da água e do ar e 300 mil morrem devido à má qualidade do ambiente no interior dos edifícios.