José María Aznar aponta "erro e fracasso" do multiculturalismo

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José María Aznar Miguel Silva/PÚBLICO (arquivo)

"Dizem que o multiculturalismo é o exemplo máximo de tolerância. Não é verdade. Haver uma lei igual para todos é que é tolerância", afirmou Aznar, numa conferência promovida pela sociedade de consultores de comunicação Cunha Vaz & Associados e pela Associação Comercial do Porto.

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"Dizem que o multiculturalismo é o exemplo máximo de tolerância. Não é verdade. Haver uma lei igual para todos é que é tolerância", afirmou Aznar, numa conferência promovida pela sociedade de consultores de comunicação Cunha Vaz & Associados e pela Associação Comercial do Porto.

José María Aznar referiu que João Paulo II foi "o líder político mais importante" que conheceu, por ter sido "decisivo para a queda do comunismo", mas elogiou também "a inteligência" do sucessor do Papa polaco, Bento XVI. Para o antigo presidente do governo espanhol, Bento XVI proferiu "a frase mais inteligente" de entre todas as que ouviu nas "centenas de discursos" sobre os 50 anos do Tratado de Roma, ao afirmar que "a Europa está condenada a ser inexistente".

"Não é um exagero. O Papa sabia bem por que o dizia. A primeira preocupação de um líder europeu deve ser a catástrofe demográfica da Europa", sublinhou Aznar, manifestando-se céptico na resolução deste problema "apenas com políticas de imigração". "Como é que se pode formar a Europa, se no futuro não vai haver europeus? Uma Europa com dez por cento de imigrantes é o mesmo que com 40 por cento? Uma Europa com cristãos em maioria é o mesmo que sem cristãos em maioria?", questionou.

Na opinião do ex-líder do Partido Popular espanhol, "o alargamento da União Europeia não pode ser uma coisa eterna, interminável", pelo que é necessário clarificar "quais são as fronteiras da Europa". "Bento XVI definiu muito bem os males do Mundo: o fundamentalismo e o relativismo. O fundamentalismo é um dos grandes perigos do Mundo, mas também o relativismo, a ausência de valores, a ideia de que tudo é igual, que a responsabilidade é uma coisa sem sentido", salientou.

Manter forças internacionais no Iraque

Aznar referiu também que seria "um grave problema para o Mundo" uma "retirada precipitada do Iraque", realçando que continua a defender que "a manutenção da ordem e segurança" do planeta deve ser assegurada pelos Estados Unidos e seus aliados. "O Mundo é melhor sem os taliban, Milosevic e Saddam Hussein", afirmou, salientando que o Afeganistão, os Balcãs e o Iraque têm agora esperança num futuro melhor.

"A responsabilidade de um líder é expandir a liberdade, a democracia, os direitos humanos, o estado de direito e a igualdade entre homem e mulher", frisou, enaltecendo o facto de estes valores serem hoje "partilhados por muitos países e não apenas pelos Estados ocidentais".

"O Mundo está cheio de líderes 'light'"

O ex-presidente do governo espanhol lamentou que ainda haja quem condene as ditaduras de direita e nada diga contra "o ditador de Cuba", Fidel Castro, frisando que não gosta de ditadores nem de líderes "light". "Não gosto de líderes 'light' e o Mundo está cheio de líderes 'light'.

"Sobram políticos dependentes de popularidade e faltam líderes preocupados com a responsabilidade", disse, afirmando que "um líder deve ter algum talento, ter sorte, saber aproveitar as oportunidades, ter determinação, uma ideia e um projecto, ter visão global e saber transmitir confiança".

Aznar teceu também breves considerações sobre economia, defendendo que "é possível e recomendável baixar os impostos" num país que esteja a combater um défice excessivo. "Fiz isso duas vezes. E essa baixa dos impostos resultou em mais crescimento, mais emprego e mais prosperidade", realçou.

Sobre a política espanhola, criticou o actual governo socialista por "negociar com os terroristas" do País Basco. "Os terroristas ou derrotam-se ou dá-se-lhes razão. Acho que é melhor derrotá-los", disse.