Igreja Católica elimina o limbo para crianças que morrem por baptizar

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O texto diz que a exclusão de crianças inocentes do céu não parece reflectir o amor especial de Cristo pelos mais pequenos Miguel Madeira/PÚBLICO (arquivo)

Num documento publicado hoje, a Comissão Teológica Internacional, que depende da Congregação para a Doutrina da Fé, declara-se convencida de que existem "sérias razões teológicas para crer que as crianças não baptizadas que morrem se salvarão e desfrutarão da visão de Deus".

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Num documento publicado hoje, a Comissão Teológica Internacional, que depende da Congregação para a Doutrina da Fé, declara-se convencida de que existem "sérias razões teológicas para crer que as crianças não baptizadas que morrem se salvarão e desfrutarão da visão de Deus".

Esta comissão estudava o tema do limbo desde 2004 e a publicação do documento foi autorizada pelo Papa Bento XVI.

O limbo nunca foi considerado um dogma da Igreja e não é mencionado no Catecismo.

Em 1984, quando o actual Papa era perfeito da Congregação para a Doutrina da Fé, já tinha afirmado que o limbo era "só" uma "hipótese teológica" e o que o melhor era não o ter em conta.

O documento, por ora, foi publicado em inglês e sairá depois noutras línguas, confirmou um membro da comissão, precisando que a Igreja continuará a considerar o baptismo como o caminho para a salvação mas, nestes casos, a misericórdia de Deus é maior do que o pecado.

A mesma fonte acrescentou que os factores analisados oferecem suficiente base teológica e litúrgica para acreditar que as crianças que morrem sem ser baptizadas "se salvarão e gozarão da visão beatífica".

Segundo o publicado pela Comissão, o documento de 41 páginas considera que Deus é misericordioso" e quer que todos os seres humanos se salvem".

"A graça tem prioridade sobre o pecado e a exclusão de crianças inocentes do céu não parece reflectir o amor especial de Cristo pelos mais pequenos", sublinha o texto.

O documento intitula-se "A esperança de salvação para as crianças que morrem sem ser baptizadas" e, segundo a Comissão, o limbo representava um "problema pastoral urgente, já que cada vez são mais as crianças nascidas de pais não católicos e que não são baptizados e também "outros que não nasceram ao serem vítimas de abortos".

O texto recorda que no século V Santo Agostinho dizia que as crianças mortas sem o baptismo iam para o inferno e, a partir do século XIII, começou a falar-se do "limbo" como "esse lugar onde as crianças não baptizadas estariam privadas da visão de Deus mas não sofreriam, já que não o conheciam".

A Comissão Teológica Internacional precisou no texto que durante séculos os papas procuraram não definir o limbo como tema doutrinal e deixaram o tema em "aberto".