Árctico: massa de gelo com 66 quilómetros quadrados desprende-se e forma nova ilha do Pólo Norte
Warwick Vincent, da Universidade de Laval, viajou até à nova ilha e confessa ter ficado espantado com o que viu.
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Warwick Vincent, da Universidade de Laval, viajou até à nova ilha e confessa ter ficado espantado com o que viu.
“Isto é algo dramático e preocupante. Mostra que estamos a perder características únicas do Norte canadiano, que existem há muitas centenas de anos”, comentou Vincent. “Estamos a ultrapassar fronteiras climáticas e isto pode ser um sinal das alterações que ainda estão para vir”.
Esta massa de gelo era uma das seis maiores do Árctico canadiano, com gelo com mais de três mil anos, e flutuam no mar mas estão ligadas à terra.
Alterações climáticas estarão na base da nova ilha
Este fenómeno “é consistente com as alterações climáticas”, disse Vincent, lembrando que as restantes massas de gelo estão hoje 90 por cento mais pequenas do que quando foram descobertas, em 1906. “Ainda não conseguimos ter o cenário completo... mas temperaturas invulgarmente quentes tiveram, definitivamente, um papel determinante”.
Laurie Weir monitoriza as condições do gelo no Canadian Ice Service. No ano passado, quando passava em revista as imagens de satélite detectou que a massa de gelo Ayles se tinha quebrado e separado.
Weir contactou Luke Copland, da Universidade de Otava, que, utilizando imagens de satélite e informações sísmicas, chegou à conclusão de que a massa de gelo se desprendeu ao início da tarde de 13 de Agosto de 2005.
Copland ficou surpreendido com a rapidez com que as alterações climáticas afectaram as massas de gelo. “Ainda há dez anos, os cientistas assumiram que quando as alterações climáticas começassem a fazer-se sentir, isso aconteceria gradualmente. Esperávamos que as massas de gelo se iriam derretendo lentamente”, acrescentou.
A comunidade científica receia agora que, com as temperaturas mais quentes da Primavera, a nova ilha se desloque no mar e cause transtorno para os navios.
“Nos próximos anos, esta nova ilha de gelo poderá entrar em rotas de navegação comerciais”, alertou Weir.