Conselho de Segurança da ONU convoca reunião de emergência sobre crise na Somália

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As forças de apoio à União dos Tribunais Islâmicos tem estado sob ataque etíope desde anteontem Abukar Albadri/EPA

O secretário-geral especial da ONU para a Somália, Lonseny Fall, deverá fazer um balanço dos últimos acontecimentos no país, que vive sem Governo instituído desde 1991.

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O secretário-geral especial da ONU para a Somália, Lonseny Fall, deverá fazer um balanço dos últimos acontecimentos no país, que vive sem Governo instituído desde 1991.

Forças de apoio à União dos Tribunais Islâmicos têm estado debaixo de fogo desde anteontem, depois de a Etiópia ter enviado aviões, artilharia, tanques e infantaria para a fronteira com o objectivo de ajudar o Governo de transição somali a expulsar os combatentes islamistas de Baidoa, sede do executivo. As forças etíopes bombardearam os dois principais aeroportos somalis e ajudaram as forças governamentais a assumir o controlo de várias aldeias.

O primeiro-ministro da Etiópia, Meles Zenawi, disse hoje que as forças etíopes e as tropas leais ao Governo somali "aniquilaram as forças terroristas internacionais nos arredores de Baidoa" e que estas se retiraram da região. O anúncio foi feito um dia depois de a Etiópia ter admitido oficialmente, pela primeira vez, que estava empenhada militarmente na luta contra a milícia islâmica na Somália.

No dia 6 deste mês, o Conselho de Segurança autorizou uma força africana, a Igasom, a proteger o Governo somali do crescente poder da milícia islâmica, mas essa força ainda não foi mobilizada para a região.

De acordo com uma resolução do Conselho de Segurança, a Liga Árabe e a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (Igad) deveriam destacar para o país uma força de paz com cerca de oito mil homens, sob o comando da União Africana. A força reúne militares do Quénia, Uganda, Sudão, Djibuti, Etiópia, Eritreia e Governo de transição da Somália.

Segundo a mesma resolução, seria parcialmente levantado o embargo ao armamento com destino à Somália, para que as forças regionais pudessem receber armas e equipamento militar e treinar as suas forças de segurança.

Em 2004, as Nações Unidas apadrinharam a formação de um Governo transitório na Somália, mas as novas autoridades optaram por não se instalar em Mogadíscio — há mais de uma década à mercê de milícias armadas que se dedicam ao tráfico de droga e ao banditismo.

No Verão passado, a União dos Tribunais Islâmicos (uma aliança de milícias islamistas) tomou o poder na capital, instaurando a sharia (lei islâmica) e pondo fim a 15 anos de caos na cidade. Desde então, as forças islamistas — que os EUA dizem ter ligações à Al-Qaeda — assumiram o controlo de boa parte do Sul do país, encurralando as forças governamentais em Baidoa.

A Etiópia enviou em seu socorro cerca de oito mil militares, segundo os cálculos da ONU, enquanto a vizinha Eritreia terá acrescentado dois mil dos seus homens às forças islamistas, criando receios de que a guerra se estenda a toda a região do instável Corno de África.