Grupos armados atacam petrolíferas estrangeiras no Sul da Nigéria
O primeiro ataque, ocorrido na última madrugada, teve como alvo uma estação de bombeamento da petrolífera italiana Agip em Tebidaba, no estado de Bayelsa, mas só esta tarde foi noticiado.
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O primeiro ataque, ocorrido na última madrugada, teve como alvo uma estação de bombeamento da petrolífera italiana Agip em Tebidaba, no estado de Bayelsa, mas só esta tarde foi noticiado.
"Não sei se houve vítimas ou danos, ou se foram feitos reféns", afirmou um responsável militar, em declarações à AFP. O ataque foi confirmado por uma fonte da indústria petrolífera nigeriana, mas a Agip — uma empresa subsidiária da ENI — não quis comentar esta informação.
Três mortos num ataque a uma unidade da TotalHoras depois, três polícias que guardavam uma plataforma de extracção da Total, em Obagi, no estado de Rivers, foram mortos num ataque semelhante.
Segundo um responsável da unidade, um grupo de homens armados e encapuzados chegou à plataforma em barcos a motor, abrindo fogo contra os agentes que protegiam o local.
A representação da petrolífera francesa na Nigéria adiantou, em declarações à AP, que a plataforma, responsável pela extracção de 40 mil barris de crude por dia, foi encerrada após o ataque — uma informação que o porta-voz da empresa não confirma. Paul Floren afirmou que os assaltantes se limitaram a pilhar o complexo residencial dos trabalhadores da plataforma, não tendo atacado a estação de bombagem.
"Isto não foi um ataque político. Foi motivado por banditismo. O que eles pretendiam era roubar", afirmou o responsável, sublinhando que não foram feitos reféns.
Com efeito, o Movimento para a Emancipação do Delta do Níger (MEDN), responsável pela maioria dos ataques cometidos durante o último ano na região, já negou qualquer envolvimento no ataque a Obagi. "Não fomos nós", afirmou um porta-voz do movimento, que reivindica uma melhor distribuição dos proveitos da exploração petrolífera da região, acusando as multinacionais de espoliarem as populações locais.
Shell transfere trabalhadoresFace ao aumento da insegurança na região, a Shell — a maior petrolífera a operar na região — começou hoje a retirar os familiares dos seus trabalhadores estrangeiros residentes na região do Delta do Níger.
"Trata-se de uma medida de precaução", afirmou Bisi Ojediran, porta-voz da petrolífera anglo-holandesa na Nigéria, recusando-se a revelar quantos estrangeiros serão repatriados. Contudo, fontes da empresa, que falaram à AFP sob a condição de anonimato, adiantaram que a medida envolve um total de 400 pessoas.
Ojediran disse não se recordar da última vez que a Shell adoptou uma medida semelhante, mas admitiu que esta "é a primeira vez nos tempos mais recentes".
Esta segunda-feira, o MEDN reivindicou a autoria da explosão de dois carros armadilhados junto a edifícios de apartamentos onde estão alojadas as famílias dos trabalhadores em Port Harcourt, principal cidade da região petrolífera do Delta. O ataque não provocou feridos, mas o grupo ameaçou multiplicar estas acções nos próximos meses.