Novo chefe do Exército concorda com críticas às propostas do Governo

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Pinto Ramalho tomou hoje posse como chefe do Estado-Maior do Exército Inácio Rosa/Lusa

"“Estou solidário com os chefes militares que a fizeram [a carta]", disse o general Pinto Ramalho aos jornalistas, depois de ter tomado posse como novo chefe do Estado-maior do Exército, no Palácio de Belém.

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"“Estou solidário com os chefes militares que a fizeram [a carta]", disse o general Pinto Ramalho aos jornalistas, depois de ter tomado posse como novo chefe do Estado-maior do Exército, no Palácio de Belém.

O sucessor de Valença Pinto na chefia do Exército declinou mais comentários, remetendo para as resposta então dadas pelo ministro da Defesa, Nuno Severiano Teixeira, e pelo então chefe de Estado-maior general das Forças Armadas, almirante Mendes Cabeçadas.

No memorando, Cabeçadas resumia preocupações manifestadas pelos quatro chefes de Estado-maior relativamente a medidas restritivas preconizadas para os militares.

Cooperação com espaço lusófono é prioridade

Enviado a 9 de Novembro ao ministro da Defesa, o documento alerta, nomeadamente, para "a recente tendência de igualização dos militares a funcionários civis", equiparação que contribuiria para "minar os fundamentos éticos dos deveres militares".

Depois de ser empossado na chefia do Exército pelo Presidente da República, Pinto Ramalho preferiu não comentar assuntos específicos do Exército.

Ainda assim, reiterou a sua concordância com a criação de um Estado-maior conjunto e de um comando operacional conjunto dos três ramos das Forças Armadas e considerou a cooperação com os países africanos de expressão portuguesa e com Timor-Leste "um valor inestimável".

"Da parte que couber ao Exército, será certamente uma prioridade", vincou.

Pinto Ramalho declinou, contudo, comentar as alegadas conclusões de uma auditoria à gestão da Direcção-Geral de Política de Defesa Nacional em 2004 – hoje divulgadas no "Correio da Manhã" –, que aponta um controlo interno "pouco consistente" e "disfunções e deficiências" nas despesas deste organismo, então chefiado pelo novo chefe do Estado-maior do Exército.

Carreira variada

José Luís Pinto Ramalho, 59 anos, é desde Outubro de 2005 director do Instituto de Estudos Superiores Militares.

Entre 2001 e 2004, foi director-geral de Política de Defesa Nacional do Ministério da Defesa Nacional, tendo também passado por Bruxelas, onde desempenhou as funções de conselheiro militar junto do embaixador de Portugal na NATO e UEO.

A chefia do Exército foi deixada vaga a 5 de Dezembro, dia em que Valença Pinto substituiu Mendes Cabeçadas como chefe do Estado-maior general das Forças Armadas, cumprindo a tradição de rotatividade entre os ramos na chefia do mais alto cargo da hierarquia militar.

Desde então, a chefia deste ramo das Forças Armadas tem sido assumida interinamente pelo então vice-chefe do Estado-maior do Exército, general Manuel Bação Lemos.