Casa onde nasceu Lopes-Graça vai ser transformada em museu
Falando à margem das cerimónias do centenário do nascimento do compositor, António Paiva disse que a casa fora doada à autarquia, que se compromete a ter o museu aberto a 1 de Outubro, por ocasião do Dia Mundial da Música.
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Falando à margem das cerimónias do centenário do nascimento do compositor, António Paiva disse que a casa fora doada à autarquia, que se compromete a ter o museu aberto a 1 de Outubro, por ocasião do Dia Mundial da Música.
Do futuro museu farão parte as certidões de nascimento do músico e dos seus pais, obras, partituras e peças ligadas à sua vida que pertencem actualmente ao acervo da Câmara Municipal.
Hoje à tarde foi inaugurada uma escultura nas margens do rio Nabão com a figura do compositor sentado num banco a conversar com o seu amigo "Nini" Ferreira.
"Quem visitar Tomar vai hoje pode sentar-se com Lopes-Graça" mas depois será possível "ver como foi a sua vida", disse o presidente da Câmara de Tomar.
Lopes-Graça "foi um símbolo da luta pela liberdade" antes do 25 de Abril, desempenhando ainda um papel de dinamizador cultural de várias associações do concelho, entre as quais o Coral Canto Firme.
A construção de um museu é uma "obrigação" do concelho para com um seu munícipe que "foi tão importante para a sociedade actual" que deve "ser recordado pelas novas gerações".
A autarquia patrocinou a reedição da uma obra do compositor - "Reflexões sobre a música" - e a publicação de uma obra sobre o seu trabalho, de autoria de António de Sousa, maestro do Coral que realizou uma tese de mestrado sobre Lopes-Graça.
Hoje à noite, será feita a apresentação pública de uma das últimas obras do autor, "A minha terra", com que Lopes-Graça quis homenagear Tomar e as suas gentes.
Nos seus últimos anos de vida, Lopes-Graça "retomou a sua ligação aos amigos que aqui deixou" e que "hoje lhe prestam homenagem", afirmou António Paiva, referindo-se às dezenas de pessoas presentes na cerimónia.
Fernando Lopes-Graça, nascido em Tomar no dia 17 de Dezembro de 1906, morreu em 1994 na Parede, arredores de Lisboa.
Além de maestro, compositor e pedagogo, foi militante do PCP, desde 1944, e opositor ao regime salazarista, que o impediu durante muitos de dar aulas e de obter reconhecimento público pelo seu trabalho.
A obra de Lopes-Graça caracteriza-se pela influência das correntes modernistas a que conciliou a recuperação da tradição musical portuguesa.