Annan acusa EUA de terem violado princípios fundadores
“Este país esteve historicamente na vanguarda do movimento dos direitos humanos, mas a América só poderá continuar a desempenhar esse papel se se mantiver fiel a esses princípios, mesmo na luta contra o terrorismo”, afirmou Annan, num dos últimos discursos do seu mandato, proferido na biblioteca presidencial Harry Truman, no Missouri.
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“Este país esteve historicamente na vanguarda do movimento dos direitos humanos, mas a América só poderá continuar a desempenhar esse papel se se mantiver fiel a esses princípios, mesmo na luta contra o terrorismo”, afirmou Annan, num dos últimos discursos do seu mandato, proferido na biblioteca presidencial Harry Truman, no Missouri.
Agora que os EUA “parecem ter abandonado os seus próprios ideais e objectivos, os seus amigos no estrangeiro estão naturalmente preocupados”, acrescentou Annan, lembrando os abusos em Abu Ghraib, o presídio militar de Guantánamo ou as prisões secretas da CIA.
“Os direitos do Homem e o Estado de direito são vitais para a segurança e a prosperidade globais”, sublinhou Annan, num discurso que assumiu por vez o tom de repreensão, relata a AFP.
Numa clara alusão à invasão do Iraque, lançada em 2003 à margem das Nações Unidas, Annan sustentou que a “força militar só pode ser considerada legítima” quando usada para defender “objectivos comuns, em concordância com normas globalmente aceites”.
“Temos de reconhecer, qualquer que seja a nossa força, que não temos o direito de agir como bem entendemos”, afirmou, citando por várias vezes Harry Truman, 33º Presidente dos EUA (1945-53), a quem apelidou de modelo para a actuação dos EUA no mundo.
Fazendo um balanço de dez anos de experiência à frente da ONU, Annan fez a defesa das políticas multilaterais, sediadas nas instâncias internacionais, por oposição ao unilateralismo da actual Administração.
“Mais do que nunca, os americanos, como o resto da humanidade, precisam de uma sistema global, através do qual as populações possam enfrentar, unidas, os desafios globais”, como a proliferação nuclear, as alterações climáticas, o terrorismo ou as pandemias.
“Face a estes perigos, nenhum país pode garantir a segurança enquanto tenta dominar os outros. Partilhamos todos a responsabilidade pela segurança de cada um”, concluiu.
A 1 de Janeiro, o ganês será substituído pelo sul-coreano Ban Ki-Moon, após dois mandatos à frente das Nações Unidas.