Jerónimo Sousa acusa PS Europeu de hipocrisia nas críticas ao Banco Central
"Veio cá uma senhora, candidata à presidência de França, acusar os burocratas do Banco Central de imporem uma política monetária que impede o desenvolvimento, quando foi o seu e outros partidos social-democratas quem lhes deu o poder para o fazerem", acusou.
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"Veio cá uma senhora, candidata à presidência de França, acusar os burocratas do Banco Central de imporem uma política monetária que impede o desenvolvimento, quando foi o seu e outros partidos social-democratas quem lhes deu o poder para o fazerem", acusou.
O dirigente comunista, que falava num jantar de Natal da Organização Regional de Braga do PCP, aludia a uma intervenção de Ségolène Royal na reunião dos partidos socialistas europeus que ontem terminou no Porto.
Na quinta-feira, Ségolène Royal lançou uma mensagem directa ao presidente do Banco Central Europeu: "Não caberá apenas ao senhor Trichet definir" as políticas monetárias da Europa, "os líderes europeus, legitimamente eleitos para governar, também o terão. O BCE terá de estar sujeito a decisões políticas".
Jerónimo de Sousa disse que "a dita esquerda moderna representada pela candidata socialista francesa não traz nada de novo à Europa", sustentando que a tese de que o Banco Central Europeu "faz uma política monetarista, de altas taxas de juro, contrária aos interesses das populações, há muito que é defendida pelos comunistas". "Vieram agora descobrir a pólvora", acentuou, dizendo que, tal como na Europa, em Portugal, "o PS quer que a culpa morra solteira".
Na sua intervenção, o dirigente do PCP apontou baterias contra o Governo do PS, a quem acusou de "fazer o que a direita não teve condições para executar, uma política que ataca sempre os mais pobres, deixando-os com a corda na garganta".
O líder comunista disse ainda que "o primeiro-ministro e o ministro das Finanças têm coragem para pôr em causa as conquistas sociais na saúde e segurança social, nos direitos dos trabalhadores e da administração pública, nas reformas, mas não têm coragem para pedir sacrifícios àqueles que mais têm, a banca e as grandes empresas capitalistas".
"A EDP teve dois mil milhões de euros de lucros, mas mesmo assim vai haver um aumento de seis por cento nas tarifas eléctricas", assinalou, dizendo que, nos primeiros nove meses de 2006, a banca já teve outros dois mil milhões de lucros.
Acusou o Presidente da República, de, com a simpatia do Governo, "promover um capitalismo de inclusão" de tipo caritativo, esquecendo-se de que não podem ser aqueles que exploram quem trabalha a resolver os problemas que causam com a sua acção".
"Com todo o respeito pelos milhares de voluntários que, nesta época de Natal, trabalham pelos mais pobres, a verdade é que cada vez há mais gente necessitada", declarou.
No final, e em declarações aos jornalistas, Jerónimo Sousa anunciou que o PCP arranca em Janeiro com uma campanha própria em prol do "sim" no referendo ao aborto, na qual participará pessoalmente.
No jantar de Natal de sexta-feira participaram o deputado comunista eleito por Braga, Agostinho Lopes, e 260 dirigentes e militantes do distrito.